Translate

quarta-feira, 4 de julho de 2018

AS VARIANTES NOS MANUSCRITOS, UM ESTUDO EXAUSTIVO


Resultado de imagem para IMAGEM VARIANTES DOS MANUSCRITOS

FONTES DE VARIANTES NOS MANUSCRITOS

Conforme é bem sabido, não temos qualquer
documento original de qualquer obra dos tempos
antigos, e isso inclui os próprios documentos bíblicos.
Portanto, qualquer restauração do texto depende de
cópias. Também é verdade que, embora haja 5.000
manuscritos gregos e milhares de traduções em vários
idiomas, não existem dois documentos que sejam
exatamente iguais. Até mesmo guando um manuscrito era copiado de outro, surgiam diferenças entre os
dois. Sabemos, por exemplo, que o manuscrito
designado E, é cópia do manuscrito D2, e que o
manuscrito 489 é cópia do 1219, embora, na cópia,
diversas variantes textuais tenham aparecido nesses
manuscritos. Um escriba cuidadoso, do evangelho de
Mateus, que realmente procurasse evitar variantes,
produziria talvez 20 variantes por acidente, descuido,
transposição de palavras, homoeoteleuton e homoeoarcteton, sinônimos, haplografia, etc. Um
escriba descuidado, que copiasse um livro do
tamanho do evangelho de Mateus, facilmente
produziria várias centenas de variantes. Alguns
escribas modificavam propositalmente passagens que
se adaptassem às suas doutrinas preconcebidas, e
muitos deles «harmonizavam» passagens, especial
mente entre os evangelhos e entre Colossenses e
Efésios. O ideal dos críticos textuais é restaurar o
texto do Novo Testamento até sua forma 
perfeitamente
te original. Apesar desse ideal, talvez nunca poder
se efetivar antes do descobrimento dos próprios
originais ou autógrafos, todos aqueles que estão
enfronhados nesse mister sabem que esse ideal, a

despeito de não ter atingido seu alvo absoluto, tem
obtido uma aproximação notável. O Novo Testamento
é o melhor confirmado de todos os documentos da
história antiga, e a abundância de evidências, na
forma de manuscritos gregos, traduções e citações dos
primeiros pais da igreja, tem tornado possível a
restauração de seu texto a um grau realmente
admirável.

Apresentamos abaixo os motivos dos erros e das
variantes, nos manuscritos antigos do Novo Testamento:

1. Variantes  não Intencionais:

erros mecânicos, equívocos da penatransposição de letras ou palavrassubstituição de sons similares ou de letras e palavras similaresconfusão de letras e palavras, com outras de forma
e sentido diverso
  omissão simples, não intencional
omissão por homoeoteleuton (saltar de uma palavra
para outra, devido a términos semelhantes, ou saltar
de uma sentença ou parágrafo para outro, devido a
términos semelhantes em ambos, com a omissão das
palavras intermediárias).
omissão por homoearcteton (saltar de uma palavra
para outra devido a começos semelhantes, ou saltar de
uma sentença ou parágrafo para outro, por causa de
começos semelhantes em ambos, com omissão das
palavras intermediárias).
haplografia, ou seja, omissão de uma palavra
repetida na mesma sentença, usualmente quando a
repetição se dá sem palavras diversas intermediárias.
Assim, «verdadeiramente, verdadeiramente», tornouse apenas «verdadeiramente».
ditografia, repetição errônea de uma palavra ou
sentença, ou parte de uma sentença, como quando
«verdadeiramente» se tornou «verdadeiramente, verdadeiramente».

interpolação, adição de algo, tãlvez primeiramente
à margem, talvez como comentário, explicação ou
harmonia com outra passagem, mas que, subseqüentemente, tornou-se parte do próprio texto; tal
«comentário» é incluso no texto, e os demais escribas
não mais o omitiam. Nos manuscritos do Novo
Testamento, as interpolações eram frequentemente
feitas por «memória», quando o escriba se lembrava
de outra passagem com fraseado similar, o que o
impelia a adicionar algo. (VerCol. 1:14 quanto a uma
variante textual dessa natureza). Algumas interpola­
ções não eram intencionais, sendo adicionadas por
rotina ou inadvertência. Mas outras, naturalmente,
eram propositais.
erros de
acentuação. Ocasionalmente a má
colocação ou ausência de um acento fazia diferença
no sentido das palavras. Às vezes os escribas se
equivocavam quanto à acentuação, criando tais
variantes.
erros devidos à
divisão faltosa de palavras. Os
manuscritos antigos não traziam espaços entre as
palavras. Ocasionalmente, divisões diferentes de
palavras resultam em uma compreensão diferente dos
sentenças.
variantes
ortográficas. As palavras do grego antigo,
devido à falta de padronização em dicionários
escritos, e devido à existência de vários dialetos,
tinham muitas formas diversas na soletração.
Ocasionalmente, uma soletração diferente pode
envolver-se em um modo gramatical diferente, ou
mesmo em dois vocábulos diversos, de significado
totalmente diferente. Além disso, certas vogais ou
ditongos que têm o mesmo som, podiam ser
confundidos e um ser substituído por outro. Assim,
com freqüência, se dava entre «umon» e «emon»,
estabelecendo diferença entre o pronome da segunda
e da primeira pessoa. O ditongo «ai» veio a ser
pronunciado do mesmo modo que a vogal «e», com o
resultado que o imperativo plural, na segunda pessoa,
veio a ser pronunciado (em seu final) como o infinitivo
passivo e médio, com modificação natural na
significação. Essas formas de «desastres» ortográficos
são numerosas no grego posterior.
erros em
manuscritos ditados. Alguns manuscritos
eram ditados de um escriba para outro, e o fato deste
último não «ouvir corretamente» provocava muitas
variantes no texto.
variantes e erros devido à
restauração de certos
manuscritos mutilados, que eram usados como
exemplares na cópia, ou que eram simplesmente
restaurados a fim de serem usados.


2. Variantes Intencionais

harmonia proposital de uma passagem com outra,
máxima nos livros que têm passagens similares em
outros livros. Isso sucedeu com freqüência nos
evangelhos, e em Colossenses em confronto com
Efésios.
melhoramentos gramaticais ou de estilo. Livros
como Marcos e Apocalipse, que, com freqüência
tinham um grego deficiente no original, foram
aprimorados por escribas eruditos.
variantes
litúrgicas: para fazer uma passagem
melhor adaptada ao uso litúrgico, alguns escribas
faziam modificações, omissões e adições.
variantes
suplementares ou restaurativas. Alguns
escribas se arrogavam o direito de adicionar
narrativas ou comentários aos originais, a fim de
darem melhores informações ou explicações. Ocasionalmente, tais adições contêm material histórico e
geograficamente autêntico.
Simplificação de frases difíceis. A tentativa de
melhor entendimento levou alguns escribas a modificarem os originais. Onde o grego é difícil de entender,
pode-se esperar simplificações e modificações.
adições, a fim de injetar doutrinas em uma
passagem, onde elas não figuram no original. I João
5:7, a «declaração trinitária», é um claro exemplo
disso: Também havia modificação para evitar alguma
«doutrina difícil». Assim, em João 1:18, as palavras
«Deus, o único gerado», foram modificadas para
«Filho único gerado» ou «Filho unigénito», como
simplificação que busca evitar a dificuldade de
explicar o que significaria o conceito de um Deus
gerado. Os escribas não perceberam que uma pausa
solucionaria o problema, a saber: «único gerado, o
próprio Deus», de tal modo que «único gerado» ou
«unigénito» se refere ao «Filho», ao passo que o
vocábulo «Deus» alude à sua natureza essencial.
Dessas e de outras maneiras, milhares de variantes
entraram nos antigos manuscritos do Novo Testamento, e o trabalho de muitos críticos textuais tem sido o
de restaurá-lo.
  

PRINCÍPIOS DA RESTAURAÇÃO DOS TEXTOS

Tem sido mister examinar, comparar e selecionar
laboriosamente os manuscritos do Novo Testamento a
fim de se saber quais são melhores, não somente
quanto à data, mas também quanto à data do texto.
Esse estudo tem levado não só a um melhor
conhecimento dos manuscritos, individualmente considerados, mas ao entendimento que, a grosso modo,
pelo menos, eles se dividem em vários grupos ou tipos
de texto, usualmente seguindo áreas geográficas
específicas onde foram produzidos. Os críticos
textuais não mais apenas computam o número de
manuscritos de que favorecem certa variante, pois
sabem que foram os manuscritos posteriores e
inferiores, e não os melhores e mais antigos, que
foram grandemente multiplicados. Portanto, quase
sempre, a variante errônea é a que conta com o maior
número de manuscritos a seu favor, pois foi durante a
Idade Média que se multiplicou o maior número de
manuscritos, e então já se desenvolvera um texto
mesclado, que continha muitas notas, harmonias,
comentários e modificações feitas por escribas
medievais. A luta por manter o Textus Receptus no
trono, por pessoas honestas mas equivocadas, que
usualmente lêem deficientemente o grego e pouco ou
nada conhecem no campo da crítica textual, é
essencialmente a luta por reter a «bagagem» que o
texto foi adquirindo através de séculos de transição.
  

Tais pessoas ignoram o fato de que o texto bizantino
(uma sua forma posterior se acha no Textus
Receptus) nem ao menos existia senão já no século IV.
Nenhum manuscrito grego ou versão traz essa forma
antes disso, e nem se acha nos escritos de qualquer
dos pais da igreja. Aqueles que consideram o Novo
Testamento um documento inspirado não deveriam
ansiar por reter as notas feitas por escribas medievais,
negligenciando ignorantemente os papiros, os primeiros manuscritos unciais e os escritos dos primeiros
pais da igreja, os quais usavam um Novo Testamento
mais puro do que qualquer coisa do texto bizantino.
Tudo isso é questão de registro histórico.
  
Ao tratar com a mana de 5.000 manuscritos
gregos, 10.000 versões latinas, vários milhares de
manuscritos em outras versões e intermináveis
citações do Novo Testamento, feitas pelos primeiros
pais da igreja, foi sendo descoberto, mui gradualmente, que a grosso modo os manuscritos, versões e
citações podem ser reduzidos a tipos de textos
representativos. O primeiro passo de desvio para fora
dos originais foi o texto alexandrino.
Escribas
eruditos
aprimoraram a gramática e o estilo dos
autores originais e intercalaram algumas interpola­
ções. Contudo, o texto alexandrino é quase puro,
talvez com a porcentagem de 2% ou 3% de erro. O
primeiro passo radical para longe do texto original ou
neutro (neutro, por não ter modificações, por ter
permanecido puro segundo era originalmente) foi
dado na igreja ocidental. Muitas omissões e adições
(algumas vezes de material historicamente autêntico,
mas que não fazia parte dos originais) tiveram lugar.
Escribas ocidentais algumas vezes faziam paráfrases
e transpunham material. Contudo, na contagem
numérica real, as modificações do texto ocidental,
quando confrontadas aos originais, não são muitas.
Algumas vezes o texto ocidental repele «interpolações»
alexandrinas, e, nesses casos, está correto em
comparação a todos os demais tipos de texto, pois as
interpolações quase sempre foram retidas pelos textos
cesareano e bizantino. Em seguida (cerca do século
III) houve a mescla de manuscritos ocidentais, e
alexandrinos, sendo produzido o tipo de texto
cesareano. Maior mescla ainda, juntamente com
variegadas modificações, produziu o texto bizantino.
Todas as «fontes de variantes» ventiladas sob o ponto
V deste artigo, operavam antes dos meados do século
IV, e o texto bizantino (também chamado sírio ou
koiné), resultou disso. Mais adiante notaremos ainda
mais particularmente os tipos de texto. Notemos
agora a teoria da descendência textual, que é aceita
pela maioria dos eruditos modernos, pelo menos de
modo geral:
 
 

Os originais do Novo Testamento

foram completados nos fins do primeiro século, ou talvez, no caso de
alguns livros, no começo do segundo século. Ã
proporção que iam sendo enviados para as várias
principais áreas geográficas do mundo, o palco foi-se
armando para os
tipos de texto, que representam
tanto desenvolvimentos históricos do texto, como
modificações nos originais que vieram a ser associadas
a determinadas áreas geográficas e centros cristãos.
Em Alexandria, um centro de erudição, cópias dos
originais, contemporâneas dos próprios originais,
receberam certas modificações gramaticais e de estilo,
além de pequena dose de interpolações escribais,
modificando-as na proporção de 2% ou, talvez, até
3% do texto. — Através de vários séculos, os
manuscritos que se originaram nessa área, talvez
receberam tanto quanto 5% de modificação. Entrementes, em Roma e áreas circundantes, antes de 150
D.C., estava tendo lugar uma modificação mais
   radical do texto, o que nos deu o tipo de texto
ocidental, além do alexandrino. O texto ocidental foi
submetido a adições de algum material autêntico, nos
evangelhos e no livro de Atos, que não estava contido
nos originais, isto é, algumas poucas declarações e
incidentes da vida de Jesus e dos apóstolos, além de
informações topográficas. Mas muitas excisões e
adições foram feitas meramente com base nas
predileções dos escribas. A tradição latina, que
começou em cerca de 150 D.C., naturalmente, refletia
o texto grego das regiões onde o texto ocidental era
produzido. Márcion usou esse tipo de texto, tal como
o fez (provavelmente) Taciano e, mais tarde, Irineu,
Tertuliano e Cipriano, e com base nisso temos
informações pelo menos bastante exatas sobre quando
se desenvolveu esse tipo de texto. Pelos meados do
segundo século, já estava bem desenvolvido, embora
manuscritos posteriores dessem mostras de níveis
variegados um pouco mais remotos dos autógrafos do
Novo Testamento.


 No tocante ao texto Cesareano,

alguns supõem que teve origem no Egito, tendo sido levado a Cesaréia por Orígenes, de onde foi trazido a Jerusalém. Vários
testemunhos cesareanos têm o chamado colofão de
Jerusalém (descrito sob o ms 157, na seção III deste
artigo), e isso dá a entender que pelo menos alguns
manuscritos cesareanos foram produzidos naquela
localidade. Tal como no caso dos demais tipos de
texto, há «níveis» no tipo de texto cesareano, que
refletem séculos anteriores ou posteriores. Os
manuscritos que Orígenes trouxe do Egito, refletidos
em P(45), W (Mar. 5:31-16:20), Fam. 1:13 e vários
lecionários gregos, pertenciam a uma forma anterior
desse texto. 

                                No desenvolvimento

                 subseqüente, encontramos um texto mais remoto dos autógrafos do Novo Testamento, preservado em Theta, 565, 700, em algumas citações de Orígenes e Eusébio, na versão Armênia
Antiga, e em alguns manuscritos do Siríaco Antigo. O
texto cesareano parece ter-se desenvolvido originalmente por combinação dos textos alexandrino e ocidental e teve seu surgimento nos fins do séc. II, que é o
recuo máximo, porém, mais provavelmente, desenvolveu-se essencialmente no século III. Com a
passagem do tempo, esse texto assumiu certa
quantidade de material incomum tanto ao texto
alexandrino quanto ao texto ocidental, pelo que não é
mera mescla daqueles dois. Assim sendo, tornou-se
menos homogêneo dentre os grupos de texto.
Historicamente falando, isso foi apenas outro estágio
no desenvolvimento na direção do texto bizantino. 

          O primeiro pai da igreja a citar o texto bizantino foi
Luciano, dos primórdios do século IV. Alguns
supunham que o próprio Luciano ou algum associado
ou associados, é quem preparou um texto «mesclado»,
que tentava harmonizar cópias variantes que tinham
chegado à atenção deles. Se houve ou não uma revisão
proposital do texto, o certo é que, pela época de
Luciano, veio à existência um texto mesclado, que
agora chamamos de bizantino, antioqueano ou
«koiné», e virtualmente não existe erudito que não
reconheça esse texto como secundário. O fato de que
nenhum ms grego e nenhuma versão contém o texto
bizantino senão a partir do século V serve de prova
absoluta de seu surgimento tardio; e devemos nos
lembrar que nenhum dos pais da igreja o citou,
embora as citações feitas pelos pais dos três primeiros
séculos sejam numerosíssimas, de muitos lugares do
mundo, até o século IV. Se o texto bizantino existisse
antes dos fins do século III ou dos primórdios do
século IV, seria impossível que tantos pais da igreja,
antes desse tempo, e espalhados por todos os centros  do cristianismo, tivessem evitado citá-lo. Deve-se
notar também que as citações desse texto, feitas por
Luciano, e o texto do códex A, nos evangelhos (século
V — nosso mais antigo testemunho em seu favor) são
de um «remoto texto bizantino», e não daquele que  transparece no Textus Receptus, que representa um
tempo quando muitas outras formas e modificações já
tinham sido incotporadas no texto, acerca do que
Luciano nada sabia. 


DIAGRAMA DOS TIPOS DE TEXTOM A N U SC RITO S O R IG IN A IS
Alexandrino ■ -—' Oriental 1 "" 1— Ocidental
1(desenvolvimento desde os
fins do século I e
começo do II)
|
(desenvolvido desde os fins do século II)
*
Itália
Europa
D,a,b
Versões latinas
África
W (Mar.) k, e versões
Versões latinas
1(desenvolvimento desde os
fins do século II e
começo do III)
1
1Maioria dos papiros, Aleph,
B,C,L,33 e Copta
iCesaréia
P(45)
Fam. 1,13, Theta
Antioquia
Si, Ara
Revisão de Luciano (310 D.C.)
(Bizantino anterior, texto mesclado),
Codex A, e o arquétipo da Fam Pi

BIZANTINO PADRONIZADO
EFGH outros unciais
(século VI e mais tarde), muitos
manuscritos minúsculos
Bizantino posteriormuitos manuscritos minúsculos (da Idade Média
até à invenção da imprensa).
Textus Receptus
  



A discussão acima indica algo tanto do desenvolvimento dos tipos de texto como suas importâncias
relativas. Os princípios abaixo, relacionados à
restauração do texto, no que se aplica aos tipos de
texto, decorrem desses fatos:
1.
O Texto Bizantino, isoladamente, está sempre
errado. Em outras palavras, se em favor de alguma
forma, temos somente manuscritos bizantinos, é
quase impossível que isso represente a forma original.
2. O
Texto Ocidental, isoladamente, raramente
representa o original. A exceção a isso é quando o
texto ocidental é mais breve que o alexandrino,
sobretudo quando manuscritos cesareanos e bizantinos também são mais breves. Nesse caso, escribas
ocidentais evidentemente não copiaram certas «interpolações» do texto alexandrino. Essas formas são
denominadas por certos eruditos de «não interpola­
ções ocidentais». Algumas vezes, desse modo, escribas
ocidentais retiveram o original, em contraposição a
todos os outros tipos de texto.
3.
O Texto Alexandrino, embora isolado, com
freqüência retém a forma original, em contraposição
a modificações posteriores que figuram nos demais
tipos de texto. Isso é verdade porque, quanto à data
real, o texto alexandrino é mais antigo, faltando-lhe
aquela «bagagem» posterior que se foi acumulando na
 transição do texto. Portanto, se tivermos um papiro, 
que juntamente com Aleph e Vaticanus, favorece alguma forma, contra todos os demais testemunhos,
apesar do vasto número de manuscritos que algumas
vezes dizem o contrário, esses poucos manuscritos
ainda assim preservam a forma do autógrafo. (Ver a
variante em João 1:18 quanto à ilustração acerca
disso).
4. O Texto Alexandrino, quando concorda com o
ocidental, quase sempre representa o original. As
exceções são raríssimas.
5. O Texto Cesareano, isoladamente, raramente ou
nunca representa o original. A forma em Mat. 27:16,
«Jesus Barrabás» (quanto ao nome daquele homem),
em vez do simples «Barrabás», talvez seja exceção a
isso. Nesse caso, somente determinados escribas da
parte ocidental do mundo, permitiram que Barrabás
se chamasse Jesus, embora fosse esse um nome
comum naqueles dias. Portanto, a maioria dos
escribas apagou o termo «Jesus». Mas essa forma, que
faz o texto cesareano ser corrigido em relação a todos
os demais, na realidade é apenas um acidente de
transmissão textual, e não um desenvolvimento
natural e esperado disso. Em favor da forma aqui
aludida temos Theta, Fam. 1 e o Si. Essa forma era
conhecida de Orígenes, embora ele a tenha rejeitado,   não por ser algo textualmente impossível, mas porque cria que o nome de Jesus não deve ser usado quanto a malfeitores (em Mat. Comm. ser. 121).

                 Outro* principio* utilizado* na determinação do
texto original do Novo Testamentojuntamente com notas sobre a evidência acerca dos tipos de texto:
1. É impossível chegar-se ao texto original meramente com a contagem do número de manuscritos
que concordam com as variantes. Foram os
manuscritos mais recentes e inferiores que foram
grandemente multiplicados, durante a Idade Média.
Isso é ABC no estudo do texto, sujeito a grande
comprovação dos fatos, com base na consideração das
versões e citações dos pais da igreja, bem à parte dos
próprios manuscritos gregos. Procurando determinar
a forma original, mediante a escolha da variante que
conta com o maior número de manuscritos, quase
sempre somos levados à decisão errônea.
2. A contagem dos manuscritos mais antigos, por
exemplo, os unciais dos primeiros seis séculos, é que
mais freqüentemente nos fornecerá a forma original, e
não o método acima mencionado, mas isso também é
maneira incerta de determinar a forma original. Um
ou dois manuscritos unciais, apoiados por um papiro,
mais provavelmente terão a forma original do que
aquela variante apoiada por uma dúzia de manuscritos do século V ou VI. Devemos nos lembrar que os
estudos textuais têm podido reconstituir a história
do texto, sabendo-se quando as variantes penetraram
no texto, fortanto, supor, apenas por força do
argumento ou de preconceito, que alguns dos
manuscritos posteriores foram copiados de manuscritos mais antigos, do que alguns dos manuscritos
verdadeiramente antigos, é um exercício de futilidade. Um manuscrito pode ser datado, não meramente
segundo o «tempo de produção», mas também de
acordo com a «data do texto» representada. As
citações dos pais da igreja e o desenvolvimento das
versões, possibilitam-nos determinar as «datas do
texto» dos manuscritos com bastante exatidão. Há
alguns poucos «manuscritos posteriores» que encerram datas do texto remotas, e sabe-se quais são esses
manuscritos. Não há adivinhação nesse tipo de
pesquisa, pois há material abundante com que
trabalhar, e derivado de muitos séculos. Quando um
manuscrito posterior tem uma data de texto antigo,
geralmente se afasta do texto bizantino, aproximandose dos textos alexandrino e ocidental, ou, em alguns
casos menos radicais, aproximando-se do texto
bizantino antigo, afastando-se de um período
bizantino posterior.
3. Além de notarmos o tipo do texto geral de cada
manuscrito que presta a sua evidência a uma forma
particular, é mister determinar que nível daquele tipo
de texto é representado pelo manuscrito em pauta,
remoto ou posterior. Todos os membros de cada tipo
diferem entre si. Seguindo o que é sugerido aqui, a
data do texto do manuscrito em questão pode ser
determinada, e não meramente a data real de sua
produção. A data do texto de um manuscrito é mais
importante que a mera data de sua produção.
4. Deve-se dar preferência às «formas mais breves»,
já que era natural que os escribas armassem o texto,
tornando-o mais longo, em vez de abreviarem o
mesmo. Uma exceção a isso ocorre quando os escribas
encurtam a fim de simplificar. «Formas mais longas»
do que os autógrafos, entretanto, são muito comuns
no Novo Testamento, sobretudo devido à atividade
harmonizadora, particularmente nos evangelhos e em
outros lugares onde um livro é similar a outro, como
no caso das epístolas aos Efésios e aos Colossenses.
5. As form as difíceis, usualmente, representam o  original, já que foram sujeitas à simplificação ou
aclaramento, atividade essa que produziu variantes.
O trecho de João 1:18 é um bom exemplo disso. A fim
de evitar a doutrina aparentemente difícil do «Deus
unigénito», escribas modificaram o texto para o
familiar «Filho unigénito». Gramática deficiente
também foi corrigida, sobretudo quando o erro
gramatical torna difícil a compreensão.
6. Deve-se notar qual das variantes sob considera­
ção mais provavelmente foi a causa da mudança no
texto. A variante que parece ser a «causa» da
modificação representa o texto original. Heb. 10:34 é
um excelente exemplo disso: há três formas desse
versículo. Uma delas diz: «Tivestes compaixão de
mim em minhas cadeias». Outra declara: «Tivestes
compaixão de minhas cadeias». E a terceira afirma:
«Tivestes compaixão dos prisioneiros». Na forma
traduzida, no tocante a esse caso em particular,
é impossível determinar qual dessas três variantes
provocou as outras duas. Mas, no grego, a tarefa
toma-se fácil. A forma original era «prisioneiros»
(confirmada em A D(l) H e nas versões latinas e
siríacas em geral). Trata-se do termo grego desmiois.
Acidentalmente, um «iota» foi retirado do vocábulo,
produzindo desmois ou «cadeias» (confirmado em P
(46) Psi 81 e citado desse modo por Origenes). Porém,
asseverar: «Tivestes compaixão de cadeias» não perfaz
um bom sentido. Por isso os escribas adicionaram a
palavra «minhas», o que resultou em: «Tivestes
compaixão de minhas cadeias», conforme Aleph e a
tradição «koiné» em geral dizem. 

           Se todos esses métodos expostos falharem, e a
forma continuar em dúvida (o que raramente sucede),
então será mister julgar pelo estilo e pelos hábitos do
autor original. Considerando aquilo que certamente é
autêntico no livro, pode-se determinar, em muitos
casos, que palavra ou expressão o autor original mais
provavelmente teria utilizado. Considerando sua
posição doutrinária normal, podemos julgar algumas
variantes que têm importância doutrinária. Talvez
seja necessário considerar igualmente os hábitos dos
escribas dos manuscritos, especialmente na escolha
dos sinônimos e na soletração dos vocábulos. Um
escriba podia introduzir em um manuscrito muitas
variantes desse tipo, levando-o a tornar-se ainda mais
afastado do autógrafo do que o manuscrito que era
copiado.
              Os Tipo* de Texto e os Testemunhos que lhes Dizem
Respeito:

                 O que expomos abaixo deve tornar bem evidente
quais tipos de texto são mais antigos e valiosos.
Deve-se observar que quase todos os papiros ficam
sob os tipos de texto alexandrino e ocidental, o que
também se dá no caso das citações dos pais da igreja.
Deve-se notar que os tipos de texto cesareano e
bizantino não contam com a confirmação de
testemunhos senão já no século III e mais tarde.
           1. Tipo de texto alexandrino e seu* testemunhos:

Papiros: papiros de números 1,3,4,6,8 (parte),
10,11,13,14,15,16.18,20,23,24,26.27.28,31,32,33.34,
35 (parte), 36 (parte), 39,40,43,44,45 (parte),
46,47,49,50,51 (parte), 52,54,55,56,57,58,59,60,61,
62,65,67,71,72,74 e 75.
Unciais: Aleph, A (exceto no caso dos evangelhos),
B,C,L,T,W,Xi e Psi.
Minúsculos: 33,579,892,1241,3053 e 2344.
Versões: Copta, parte do LatimAntigo e do Siríaco
Antigo.
Pais: Atanásio, Origenes, Esíquio, Cirilo de
Alexandrina, Cosmas Indicopleustes (parte).
 
              2. Tipo de texto ocidental e seus testemunhos: 

Papiros: papiros de números 5, 8 (parte), 19,25,27,
29,35 (parte), 38,41 e 48.
Unciais: D,W (nos evangelhos), D EF e G (nas
epístolas).
Versões: Latina, Siríaca (parte) e Etíope.
Pais: O grupo inteiro dos pais latinos ou ocidentais,
e os pais sírios até cerca de 450 D.C. Alguns pais
gregos, pelo menos em parte: Irineu. Taciano,
Clemente de Alexandrina, Eusébio, Orígenes (parte),
Márcion, Hipólito, Tertuliano, Cipriano, Ambrósio,
Agostinho, Jerônimo e Pelágio.
3. Tipo de texto oriental ou cesareano e §eu»
testemunho«:
Papiros: papiros de números 37 e 45 (parte).
Unciais: Theta, W(em Marcos), H(3), N e O.
Minúsculos: Fam 1, Fam 13, Fam 1424, 565 e 700.
Versões: Geórgica, Armênia e alguma Siríaca.

4. Tipo de texto bizantino e seus testemunhos:Papiros. P, 42, 68. Que o tipo de texto bizantino
tenha dois papiros representantes pode parecer
significativo no princípio, para aqueles que preferem
o Textus Receptus como bom representante do Novo
Testamento original. Mas toda essa aparente significação desaparece quando consideramos duas coisas:
primeira, esse texto é representado por dois papiros
só, que incorporam somente 18 versículos (Luc.
1:54-55; 2:29-32; I Cor. 4:12-17, 19—21; 5:1-3);
segunda, esses mss datam dos séc. VII e VIII, bem
dentro do tempo em que o texto bizantino não só já se
desenvolvera, mas também fora padronizado em
vários mss unciais. Portanto, que esses mss foram
escritos no material de nome «papiro» foi apenas um
acidente histórico, não indicando antiguidade verdadeira ou excelência de texto.
Unciais. O número maior de manuscritos unciais,
após o século V, pertence ao tipo de texto bizantino.
Nada há nisso de estranho, pois o texto bizantino
antigo já estava desenvolvido na primeira porção do
século IV. Provavelmente, a revisão de Luciano
(começo do século IV), que produziu uma espécie de
padronização e texto mesclado, foi questão de
primeira importância ao fazer escribas posteriores
copiarem e multiplicarem o tipo de texto bizantino.
Portanto, temos E,F,G,H,R,P,S,U,V,W (em Marcos
e porções de Lucas), Pi, Psi, Omega (todos nos
evangelhos). O códex A tem forma antiqüíssima do
texto bizantino nos evangelhos, e talvez represente a
revisão de Luciano. Fora dos evangelhos, esse
manuscrito é alexandrino, e nos próprios evangelhos
retém muitas formas alexandrinas que o Textus
Receptus perdeu. Data do século V, pelo que já seria
de se esperar que tivesse esse tipo de texto, pois o texto
alexandrino e os demais, mais próximos dos
autógrafos originais, já haviam sido mesclados no
bizantino antigo. O resto dos manuscritos alistados,
exceto W, é do século VI e depois. No livro de
Atos, o texto bizantino é representado por H,L,P e S;
no Apocalipse, por 046,051 e052.
Minúsculos, a maior parte de todos os manuscritos
minúsculos, que data do século IX e depois,
porquanto esse estilo de escrita à mão não era usado
antes desse tempo, encerra o tipo de texto bizantino.
Isso é natural, considerando-se suas datas tardias,
bem como o fato de que bem antes do século IX o
texto já fora padronizado e mesclado e que esse texto
mesclado subseqüentemente foi multiplicado muitas
vezes.
Versões. Esse texto é representado pelo Peshitto e
pelo Eslavônico. O Siríaco Antigo, porém, é ocidental,
com alguma mistura de cesareano e alexandrino.
Pais. Luciano (310 D.C.) exibiu o texto bizantino
  em seus primeiros estágios de desenvolvimento; pais
da igreja comparativamente tardios, como Crisóstomo
(407 D.C.), Gregório de Nissa (395 D.C.) e Gregório
Nissense (389 D.C.) usaram o texto bizantino em
estágios diversos de seu desenvolvimento.

Resultado de imagem para IMAGEM VARIANTES DOS MANUSCRITOS

 
  Resultado de imagem para IMAGEM VARIANTES DOS MANUSCRITOS
                             

segunda-feira, 2 de julho de 2018

CALVINISMO VERSUS ARMINIANISMO E SUAS DIFERENÇAS

Resultado de imagem para IMAGEM SALVAÇAO


O presente artigo tem o objetivo de apresentar de forma sucinta o que é o Calvinismo, o que é o Arminianismo, as suas principais doutrinas, as divergências destas duas linhas teológicas e os reflexos destas divergências para a atualidade. O Calvinismo Levou este nome por causa do seu percursor John Calvino, e as principais doutrinas são as chamadas de TULIP (Total Depravity, Unconditional Election, Limited Atonement, Irresistible Grace e Perseverance of the Saints) ou 5 pontos do Calvinismo (depravação total, eleição incondicional, expiação limitada, graça irresistível e a perseverança dos santos). Já o Arminianismo foi o nome dado a linha teológica e doutrinária advinda dos seguidores de Jacob Arminius, cuja as principais doutrinas são: Livre-Arbítrio, Predestinação Condicional, Expiação Universal, A Graça pode ser impedida e Decair da Graça. As divergências entre estas duas linhas teológicas, circulam entre essas principais doutrinas apresentadas e na conceituação de cada uma delas, em alguns pontos não são visões antagônicas, mas somente um olhar de ângulos diferentes. Essas divergências e discussões iniciaram desde 1610 e até os dias hodiernos causam reflexos para a sociedade cristã evangélica mundial. 

SUMÁRIO

Introdução Introdução ................................................................................................................................ 12
O calvinismo e suas principais doutrinas ................................................................................ 13
O arminianismo e suas principais doutrinas ............................................................................ 16
Divergências doutrinárias ........................................................................................................ 17
Reflexos das divergências ....................................................................................................... 20
Referências .

INTRODUÇÃO
 A partir da reforma protestante em outubro de 1517, na qual Martinho Lutero foi o precursor através das 95 teses, protestando contra as doutrinas da Igreja Católica, surgiram vários ícones e movimentos protestantes, como é o caso de John Calvino (1509 a 1564), com o Calvinismo e Jacob Arminius (1560 a 1609), com o Arminianismo. Estes dois movimentos (Calvinismo e Arminianismo) ultrapassaram os tempos e gerações e até os dias hodiernos se fazem presentes e atuantes. Fazem parte da maioria das igrejas protestantes, ou evangélicas da atualidade. O problema é que existem pontos divergentes entre os movimentos, tanto teológicos como doutrinários. Estas divergências trouxeram grandes reflexos positivos e negativos para o povo cristão. Reflexos estes que no nosso ponto de vista são mais negativos do que positivos. Diante do exposto, o presente trabalho tem como objetivo fazer um levantamento bibliográfico, sobre as principais doutrinas do Calvinismo e do Arminianismo, os pontos divergentes e seus reflexos na atualidade para o povo cristão evangélico ou protestante. Com relação a organização do artigo apresentaremos em primeiro lugar as principais doutrinas do Calvinismo e seu fundador, John Calvino, as principais doutrinas do Arminianismo e seu fundador, Jacob Arminius, em sequência abordaremos as divergências, os reflexos destas divergências. Por fim, apresentaremos algumas considerações com base na confrontação da revisão de literatura realizada. 

O CALVINISMO E SUAS PRINCIPAIS DOUTRINAS 
O Calvinismo é um movimento protestante surgido a partir de John Calvino (1509- 1564). Movimento teológico e religioso, que foi muito importante a partir da reforma protestante e que até os dias atuais tem grande importância no cenário evangélico. É o movimento conhecido, por dar ênfase ao ensino bíblico. Champlim define Calvinismo como o termo que aponta para as doutrinas enfatizadas por João Calvino. Para Feinberg, Calvinismo é o sistema teológico das Igrejas Reformadas, cuja expressão doutrinária oficial é a Confissão de Fé de Westminster, redigida por determinação do parlamento inglês. Os trabalhos tomaram cinco anos e meio, terminando em 1648, deles participando 120 ministros ou teólogos, 11 “lords”, 20 “comuns” (alguns eram das universidades de Oxford e Cambridge) e 7 delegados da Escócia. (FEINBERG et al., 2000, p. 6). João Calvino, foi um dos grandes nomes da reforma protestante e precursor do calvinismo, que foi intitulado desta forma por sua causa. Inspirou algumas das doutrinas que perduram até os dias atuais, e que foram fundamentais para a história da igreja e do cristianismo protestante. Hagglung escreve que: João Calvino, nascido na França em 1509, recebeu ampla educação, inclusive no campo do direito. No que se refere à teologia evangélica, Calvino foi, em grande parte, autodidata; chegou a conhecer as idéias de Lutero principalmente através de livros. Por causa de sua crença, Calvino viu-se forçado a fugir da França em 1534; foi a Basiléia, onde em 1536 publicou seu manual doutrinário, os Institutos da Religião Cristã, em parte para defender seus irmãos de fé na França. Foi a Genebra no mesmo ano e tomou conta da Reforma nesta cidade. Usando medidas ríspidas, Calvino impôs severa disciplina à igreja em Genebra. Também elaborou nova organização congregacional, baseada num colégio de presbíteros que agia em íntima cooperação com as autoridades seculares. Faleceu em Genebra em 1564. A posição de Calvino estava definida em traços gerais nas Institutas de 1536. Mas em edições posteriores (1543 e 1559) expandiu obra original tornando-a uma exposição dogmática ampla, comparável aos Loci de Me- lanchthon, mas organizada com maior rigor sistemático. A terceira edição, de 1559 (a última editada por Calvino), dividia o material doutrinário em quatro livros, que tratavam sucessivamente de Deus como Criador, de Deus como Salvador, da maneira de receber a graça de Cristo, e dos meios externos pelos quais Deus nos convida à comunhão com Cristo e nos preserva nela (igreja e sacramentos). Além das Institutas, Calvino escrevei1 obras menores, sermões, cartas e comentários sobre quase todos os livros da Bíblia. ( HAGGLUND, 2003, p. 223, 224). As principais doutrinas Calvinistas são os chamados 5 pontos do Calvinismo, que Jerry L. Walls e Joseph R. Dongell, 2014, chamaram de “tulip Calvinista”. Esses 5 pontos são: depravação total, eleição incondicional, expiação limitada, graça irresistível e a perseverança dos santos. A Total depravity (depravação total); (Sl 51:5; Jr 13:23; Rm 3:10-12; 7:18; 1Co 2:14; Ef 1:3-12; Cl 2:11-13). É uma doutrina teológica derivada do conceito agostiniano³ do pecado original. O pecado original consiste no pecado inicial cometido por Adão e Eva em   desobediência a uma ordem expressa de Deus, que não comessem do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gn 2.16-17; 3.6). Baseada nesta doutrina a depravação total, é a incapacidade do homem natural em fazer coisas boas, devido a sua natureza caída. Feinberg define como: 1. Total depravação. O homem natural não pode apreciar sequer as coisas de Deus. Menos ainda salvar-se. Ele é cego, surdo, mudo, impotente, leproso espiritual, morto em seu pecado, insensível à graça comum. Se Deus não tomar a iniciativa, infundindolhe fé salvadora, e fazendo-o ressuscitar espiritualmente, o homem natural continuará morto eternamente.(FEINBERG et al., 2000, p. 7) Unconditional election (eleição incondicional); (Ml 1:2-3; Jo 6:65; 13:18; 15:6; 17:9; At 13:48; Rm 8:29, 30-33; 9:16; 11:5-7; Ef 1:4-5; 2:8-10; 2Ts 2:13; 1Pe 2:8-9; Jd 1:4). Na eleição incondicional, Deus escolheu alguns para a salvação em detrimento de outros, de acordo com a sua própria vontade. Feinberg neste ponto diz que: 2. Eleição incondicional. Deus elegeu alguns para a salvação em Cristo, reprovando os demais. Deus não tem obrigação de salvar ninguém, nem homens nem anjos decaídos. Resolveu soberanamente salvar alguns homens (reprovando todos os demais) e torná-los filhos adotivos quando eram ainda filhos das trevas. Teve misericórdia de algumas criaturas, e deixou as demais (inclusive os demônios) entregues às suas próprias paixões pecaminosas. A salvação é efetuada totalmente por Deus. A fé, como a salvação, é dom de Deus ao homem, não do homem a Deus.(FEINBERG et al., 2000, p. 7,) Limited atonement (expiação limitada); (Jo 17:6,9,10; At 20:28; Ef 5:15; Tt 3:5) De acordo com o Rev. Ronald Hanko em sua obra Doctrine According to Godliness, Reformed Free Publish Association, p. 155-156 “Os calvinistas crêem na expiação limitada, isto é, que Cristo não morreu por todos os homens, mas somente pelos eleitos”. Feinberg também pontua: 3. Expiação limitada, ou particular. Segundo Agostinho, a graça de Deus é “suficiente para todos, eficiente para os eleitos”. Cristo foi sacrificado para redimir Seu povo, não para tentar redimi- lo. Ele abriu a porta da salvação para todos, porém, só os eleitos querem entrar, e efetivamente entram.(FEINBERG et al., 2000, p. 8) Irresistible grace (graça irresistível) (Jr 3:3; 5:24; 24:7; Ez 11:19; 20; 36:26-27; 1Co 4:7; 2Co 5:17; Ef 1:19-20; Cl 2:13; Hb 12:2) John Piper em sua obra What We Bellieve About the Five Points of Calvinism, Desiring God, dis que a doutrina da graça irresistível não significa que toda influência do Espírito Santo não pode ser resistida.Significa que o Espirito Santo pode soprepujar toda resistência e tornar sua influência irresistível. Feinberg também trata do assunto da seguinte maneira: 4. Graça irresistível, ou infalível. Embora os homens possam resistir à graça de Deus, ela é, todavia, infalível: acaba convencendo o pecador de seu estado depravado, convertendo-o, dando-lhe nova vida, e santificando-o. O Espírito Santo realiza isto  sem coação. É como o rapaz apaixonado que ganha o amor de sua eleita, e ela acaba casando-se com ele, livremente. Deus age e o crente reage, livremente. Quem se perde tem consciência de que está livremente rejeitando a salvação. Alguns escarnecem de Deus, outros se enfurecem, outros adiam a decisão, outros demonstram total indiferença para com as coisas sagradas. Todos, porém, agem livremente. (FEINBERG et al., 2000, p. 8) Perseverance of the saints (perseverança dos santos) (Is 54:10; Jo 6:51; Rm 5:8-10; 8:28-32, 34-39; 11:29; Fp 1:6; 2Ts 3:3; Hb 7:25). Herman Hoeksema escreve que a perseverança dos santos é um ato da graça de Deus pelo qual ele preserva os crentes em Cristo Jesus, em seu poder e por meio da fé, até o fim para a salvação e glória, de forma que eles lutam o bom combate da fé, de forma que nunca possam cair da graça que uma vez receberam. 5. Perseverança dos salvos. Alguns preferem dizer “perseverança do Salvador”. Nada há no homem que o habilite a perseverar na obediência e fidelidade ao Senhor. O Espírito é quem perseverança pacientemente, exercendo misericórdia e disciplina, na condução do crente. Quando ímpio, estava morto em seu pecado, e ressuscitou: Cristo lhe aplicou Seu sangue remidor, e a graça salvífica de Deus infundiu-lhe fé para crer em Cristo e obedecer a Deus. Se todo o processo de salvação é obra de Deus, o homem não pode perdê-la! Segundo a Bíblia, é impossível que o crente regenerado venha a perder sua salvação. Poderá pecar e morrer fisicamente (1 Cor. 5:1-5). Os apóstatas nunca nasceram de novo, jamais se converteram. (FEINBERG et al., 2000, p. 8) O Calvinismo apoiado na TULIP ou os cinco pontos, tem 03 pontos centrais e fundamentais que são: A soberania de Deus, O livre Arbítrio e a Eleição. Através destes três pontos centrais é delineada toda a teologia calvinista, que é resumida na TULIP. Isto se dá da seguinte maneira: Deus é soberano e através da sua soberania após o pecado original, que somente Adão e Eva tiveram o livre arbítrio de fato, pois a partir da queda todos passam a ter livre agência e não livre arbitrio, porque niguém tem mais condições de escolher entre o bem e o mau, pois a sua natureza já é má. Deus elege os homens uns para a salvação e outros para a condenação ao seu bel prazer, sem que haja nenhum critério e nem condição de o homem buscar a salvação.

O ARMINIANISMO E SUAS PRINCIPAIS DOUTRINAS 
O arminianismo é o resultado do estudo elencado por Jacob Harmesnz (1560-1609), nome que latinizado resultou em Jacob Armínio. Escritor de inúmeros livros, é lembrado como um controverso teólogo holandês e fundamentou sua obra no “sinergismo”, que é um entendimento evangélico em que há cooperação humana para a salvação e contrapõe o “monergismo”, crença adotada por Calvino, entre outros, e defende o entendimento que Deus é soberano para a salvação e que a ação humana não pode interferir neste projeto.
Martinho Lutero, um dos grandes nomes da Reforma Protestante era monergista, mas seu principal apoiador Philip Melanchton era sinergista, e no movimento luteranismo pós Lutero difundiu este entendimento em toda a Europa e posteriormente a Inglaterra e as colonias americanas, principalmente por John Wesley. No muItivariado cenário dos Países- Baixos surgiu em fins do século XVI a figura de um personagem, que breve passaria à História. Os pais deram-lhe o nome de Jakobs Hermanns, ou Hermansen, mas Ele preferiu latinizá-lo para Arminius, como se costumava então. Jakobs corresponde a Jacó, Jaime ou Tiago. (Salvador, p. 15) Arminianismo foi o nome dado ao movimento iniciado através de Jacób Arminius. Movimento que contrapôs algumas doutrinas do Calvinismo. Feinberg discorre que, As raízes do arminianismo, dizem alguns teólogos, estão em Pelágio, que pregava um tipo de auto-salvação, negava que o homem é depravado, e negava que Deus têm algum plano. Jacobus Armjnius (1560-1609), discípulo de Beza (1519-1605), sucessor de Calvino, dedicoü-se com afinco ao estudo das doutrinas calvinistas, a fim de combater mais eficazmente as idéias pelagianas. Entretanto, o calvinista Armínio surpreendentemente chegou à conclusão de que o calvinismo estava errado, e passou a defender a posição que vinha atacando! Em 1610, após a morte de Armínio, seus seguidores produziram um memorial constituído de cinco pontos fundamentais — um resumo do arminianismo. Armínio mesmo não deixou um sistema doutrinário articulado. Segundo alguns, Simon Episcopius (1583-1643) é quem sistematizou o arminianismo. (FEINBERG et al., 2000, p. 5, 6) O arminianismo também formulou, assim como o calvinismo, doutrinas relevantes e importantes, que contribuíram para a história da igreja, no período pós reforma, ultrapassando os limites de tempo eclodindo ainda nos dias atuais. As principais foram relatadas, por alguns autores e foram conhecidas como 5 pontos do arminianismo: Predestinação Condicional (Dt 30:19; Jo 5:40; 8:24; Ef 1:5-6, 12; 2:10; Tg 1:14; 1Pe 1:2; Ap 3:20; 22:17) O Decreto divino de predestinação é condicional, não absoluto. Deus escolheu as pessoas para a salvação, antes da fundação do mundo, baseado em Sua presciência. Ele previu quem aceitaria livremente a salvação, e predestinou os salvos. A salvação ocorre quando o pecador escolhe a Cristo; não é Deus quem escolhe o pecador. O pecador deve exercer sua própria fé, para crer em Cristo e salvar-se. Os que se perdem, perdem-se por livre escolha: não quiseram crer em Cristo, rejeitaram a graça auxiliadora de Deus. .(FEINBERG et al., 2000, p. 6-7). Expiação Universal (Jo 3:16; 12:32; 17:21; 1Jo 2:2; 1Co 15:22; 1Tm 2:3-4; Hb 2:9; 2Pe 3:9; 1Jo 2:2) 2. A expiação é universal. O sacrifício de Cristo torna possível a toda e qualquer pessoa salvar-se pela fé, mas não assegura a salvação de ninguém. Só os que crêem Nele, e todos quantos crêem, serão salvos. .(FEINBERG et al., 2000, p. 6-7).
Vontade Livre (Is 55:7; Mt 25:41-46; Mc 9:47-48; Rm 14:10-12; 2Co 5:10). 3. Livre-arbítrio, ou capacidade humana. Embora a queda de Adão tenha afetado seriamente a natureza humana, as pessoas não ficaram num estado de total incapacidade espiritual. Todo pecador pode arrepender-se e crer, por livrearbítrio, cujo uso determinará seu destino eterno. O pecador precisa da ajuda do Espírito, e só é regenerado depois de crer, porque o exercício da fé é a participação humana no novo nascimento. .(FEINBERG et al., 2000, p. 6-7). A Graça pode ser impedida (Lc 18:23; 19:41-42; Ef 4:30; 1Ts 5:19) 4. O pecador pode eficazmente rejeitar a graça. Deus faz tudo que pode para salvar os pecadores. Estes, porém, sendo livres, podem resistir aos apelos da graça. Se o pecador não reagir positivamente, o Espírito não lhe pode conceder vida. Portanto, a graça de Deus não é infalível nem irresistível. O homem pode frustrar a vontade de Deus para sua salvação. .(FEINBERG et al., 2000, p. 6-7). Decair da Graça (Lc 21:36; Gl 5:4; Hb 6:6; 10:26-27; 2Pe 2:20-22) 5. Os crentes — regenerados pelo Espírito — podem cair da graça e perder-se eternamente. Embora o pecador tenha exercido fé, crido em Cristo e nascido de novo para crescer na santificação, ele poderá cair da graça. Só quem perseverar até o fim é que será salvo.(FEINBERG et al., 2000, p. 6-7).
DIVERGÊNCIAS DOUTRINÁRIAS Dentro do estudo empreendido, na bibliografia estudada apresentamos a seguir os principais divergências doutrinárias abordadas nestas bibliografias. Entre os pontos de divergências teológicas existentes entre Calvinismo e Arminianismo, os que mais repercutiram, estão os assuntos relacionados a natureza da salvação. Calvinismo é o termo utilizado por pessoas que identificam João Calvino como o maior organizador e produtor de verdades bíblicas no período da reforma protestante. Calvinismo é a teologia que entende e enfatiza que Deus é o único responsável pela salvação do homem, ou seja, Deus faz valer sua soberania e poder para que todo aquele que foi previamente escolhido, e ainda mais, que foi criado para ser salvo, seja salvo. A maioria dos calvinistas entendem que o pecado cometido por Adão e Eva, causou um efeito de depravação total no homem, tornando-o incapaz de produzir qualquer coisa espiritualmente boa, sendo assim toda ação humana é inevitavelmente ruim, conduzindo-o sempre para longe de Deus. Por ter a natureza corrompida, e incapaz de aproximar-se de Deus voluntariamente, o homem é incapaz de praticar ações que tenham como resultado final a salvação, sendo assim, o calvinismo apresenta a graça irresistível. Neste entendimento o homem que foi criado e escolhido desde antes da fundação do mundo para ser salvo, será salvo, mesmo que  inconscientemente será conduzido e todo o seu caminhar culminará na salvação para a qual já foi designado. Neste ponto de vista o sacrifício salvífico de Jesus Cristo na cruz para redimir o homem do pecado e torna-lo reconciliável com seu criador se torna limitado, tendo em vista que Jesus não morreu por todos, mas somente para os que já foram criados para serem salvos, evidenciando os que foram criados para serem lançados ao inferno. Os arminiamos, divergem dos calvinistas neste ponto, pois acreditam que o homem pode contribuir ou não para a salvação, tendo o poder de escolha, entre o o aceitar e o recusar, entendendo assim que a graça pode ser resistível e não irresistível como acreditam os calvinistas. Este grupo entende que quando a Bíblia em diversas passagens trata dos predestinados a salvação, refere-se ao atributo divino de onisciência, e não vê as coisas como passado presente e futuro, sendo assim, quando cria um indivíduo já consegue ver se este em algum momento de sua vida se voltará para seu criador, e aceitará o sacrifício de Jesus que morreu para salvar todo aquele que crê. Os calvinistas refutam veementemente o entendimento arminiano sobre o livre arbítrio. Neste, o homem tem liberdade de escolha sobre situações inclusive podem rejeitar a salvação oferecida por meio do sacrifício de Jesus, para os calvinistas, somente nos é permitido escolhas sobre situações supérfluas, no entanto todas as situações de nossa vida que podem mudar os rumos da historia está fora do alcance humano de escolha. Para o entendimento arminiano, a Bíblia foi dada aos homens para revelar o maior e mais importante acontecimento de toda a eternidade, o amor de Deus para com o homem feito à sua imagem e semelhança, para redimi-lo do pecado e salvá-lo e isso ocorre somente para todo o que crê no sacrifício oferecido por Jesus através de seu sacrifício, sendo assim, nada pode limitar essa demonstração de amor, nem tampouco diminuir o sacrifício de Cristo. Um dos pressupostos mais importantes de Deus descritos na Bíblia refere-se à Seu amor, amor este que O fez sacrificar seu único filho, por amor de muitos. Este sacrifício deve estar no cume do projeto de salvação e todos os outros “porquês” devem estar em segundo plano. De forma geral, estas divergências estão mais evidentes e resumidas no entendimento divergente sobre três pontos principais: “expiação universal” por Armínio e contraposta por Calvino com a “expiação limitada”; “predestinação seletiva” por Calvino, interpretada contrariamento por Armínio como “predestinação onisciente” e “livre arbitrio” por Calvino contrariado por Armínio, que defende a “vontade livre”. 
 Ao aprofundar o estudo nas argumetações elencadas por ambos os grupos, nota-se que algumas das bases Bíblicas utilizadas como respaldo para suas afirmações são utilizadas pelos dois lados, alterando somente a forma de interpretação. Quando é apresentado o entendimento sobre “expiação limitada” de Calvino é fundamentado que o sacrifício de Jesus foi feito somente para alcançar e reconciliar os que foram criados por Deus para este fim, ignorando os demais que foram criados para ir ao inferno. Jacob, defende que o sacrifício de Jesus foi um projeto grande demais para ser restrito aos que Deus em sua suprema autoridade já determinou que seriam salvos, e, de certa forma nem precisariam de sacrifício algum. Mas, entende que, sendo a salvação algo majestoso, foi estendido a todos os homens indistintamente, sem qualquer forma de acepção ou escolha seletiva o que contraria alguns dos atributos de Deus, sendo o maior deles o amor sobre o homem “formado à sua imagem e semelhança”. Analisando de forma abrangente, tanto Jacob como Calvino, mesmo que de formas diferentes, acreditam na limitação do sacrificio de Jesus na cruz. Calvino defende este entendimento abertamente, enquanto que Jacob o contraria, mas quando defende que o sacrifício pode ser aceito ou não, de certa forma expõe que o sacrifício vicário pode ser resistido, não tendo poder para convencer o indivíduo que o rejeita ou ignora, sendo assim o sacrifício em que todo o projeto de salvação defendido por Armínio pode não ter o alcance que ele mesmo defende. A “predestinação” apresentada por João, para justificar a argumentação da predileção de Deus para beneficiar alguns, dentre todos os homens criados, a fim de salvar alguns e condenar outros é contestada por Armínio que usa os mesmos versículos para defender que Deus em sua onisciência faz mensão aos que foram “predestinados” já sabendo quais creriam na mensagem da salvação e quais a ignorariam, e não usando de acepção criando alguns para o deleite eterno e outros para o sofrimento sem fim. O texto de Romanos 8:29, ...“Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.”..., segundo o entendimento de Armínio deixa claro que a onisciência de Deus, está descrita como meio para indicar os predestinados, sendo estes os que em algum momento de sua vida se voltariam para Deus e aceitariam o sacrifício de Cristo oferecido a todos quanto crerem. O terceiro ponto de divergência entre os mais discutidos é o “livre arbítrio” por Calvino, e “vontade livre” por Amínio. Para Calvino o pecado de Adão e Eva incapacitou todos os homens de executar ações com o mínimo de imparcialidade. Sendo assim todos os acontecimentos na vida de uma pessoa fazem parte um plano já traçado e determinado. E, pornão haver no homem a condição de escolha inparcial, Deus deve escolher pelo homem, conduzindo os escolhidos ao projeto de salvação que não pode ser recusado. Armínio se opõe veementemente a isso, defende que o pecado cometido por Adão e Eva, distanciaram o homem de Deus e toda e qualquer ação humana é influenciada pelo pecado, mas não está previamente determinado, e alega que caso haja esta determinação prévia, não pode ser imputado ao homem a responsabilidade por suas más ações. Entende que há sim a influência do pecado, mas isso não é determinante sobre suas escolhas, podendo este escolher a reconciliação com Deus ou não, e a recusa desta escolha o direciona ao inferno como consequência. 
  REFLEXOS DAS DIVERGÊNCIAS
 A controvérsia que eclodiu com Armínio no século XVI, perdura até os dias atuais e a falta de conhecimento e a radicalidade de muitos cristãos sobre o tema tem causado separação e distanciamento na igreja de Cristo. Perdeu-se o foco no teor e, principalmente, no conteúdo salvífico que compõe a Bíblia. A Bíblia é um livro que contém informações sobre acontecimentos historicos, mas que tem por finalidade principal revelar aos homens o projeto para reconciliar o homem (criatura) com Deus (criador). Os estudiosos da linha de pensamentos de Calvino, e da linha de Armínio, assim como também seus seguidores, tem demonstrado preocupação em defender pontos de vista partidários e se esquecido de defender e proclamar o evangelho da salvação, que é um mandamento ensinado por Jesus e deve ser feito a todos os homens sem acepção de pessoas. Alguns evangélicos, não só se recusam a aceitar com flexibilidade o entendimento contrário ao seu, podendo ser tanto arminiano como calvinista, que chega a negar e reconhecer o divergente como cristão, questionando se a salvação dada por meio de Cristo possa alcançar o irmão de entendimento diferente do seu, e tais posturas tem ao longo de séculos limitado o alcance do evangelho de Cristo que apresenta esperança aos desesperançados. Desta forma, fica evidente que a preocupação de que o evangelho da salvação seja conhecido por todos tornou-se secundário, tendo como prioridade o entendimento pessoal, e as discussões para mostrar quem está com a razão, levando a uma guerra em que não há ganhadores, mas ficam os derrotados, e estes são os que não tiveram a oportunidade de conhecer o evangelho que anuncia as boas novas da salvação e apresenta uma esperança a todos quanto crerem. 
REFERÊNCIAS
 DUDUS, Gérson; Fontana, Valéria. Teologia dos Reformadores. São Paulo: Vida Nova,1994. FEINBERG, John. Predestinação e livre-arbítrio. 3.ª ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2000. HAGGLUND, Bengt. Historia da Teologia. 7.ª ed. Porto Alegre: Concórdia, 2003. OLSON E, Roger. Teologia Arminiana: Mitos e Realidades. São Paulo: Reflexão, 1992. SALVADOR, José Gonçalves. Arminianismo e Metodismo: Subsídios para o estudo da História das Doutrinas Cristãs. São Paulo: Igreja Metodista do Brasil, s/d.

                                        



Resultado de imagem para IMAGEM SALVAÇAO