Translate

segunda-feira, 2 de julho de 2018

CALVINISMO VERSUS ARMINIANISMO E SUAS DIFERENÇAS

Resultado de imagem para IMAGEM SALVAÇAO


O presente artigo tem o objetivo de apresentar de forma sucinta o que é o Calvinismo, o que é o Arminianismo, as suas principais doutrinas, as divergências destas duas linhas teológicas e os reflexos destas divergências para a atualidade. O Calvinismo Levou este nome por causa do seu percursor John Calvino, e as principais doutrinas são as chamadas de TULIP (Total Depravity, Unconditional Election, Limited Atonement, Irresistible Grace e Perseverance of the Saints) ou 5 pontos do Calvinismo (depravação total, eleição incondicional, expiação limitada, graça irresistível e a perseverança dos santos). Já o Arminianismo foi o nome dado a linha teológica e doutrinária advinda dos seguidores de Jacob Arminius, cuja as principais doutrinas são: Livre-Arbítrio, Predestinação Condicional, Expiação Universal, A Graça pode ser impedida e Decair da Graça. As divergências entre estas duas linhas teológicas, circulam entre essas principais doutrinas apresentadas e na conceituação de cada uma delas, em alguns pontos não são visões antagônicas, mas somente um olhar de ângulos diferentes. Essas divergências e discussões iniciaram desde 1610 e até os dias hodiernos causam reflexos para a sociedade cristã evangélica mundial. 

SUMÁRIO

Introdução Introdução ................................................................................................................................ 12
O calvinismo e suas principais doutrinas ................................................................................ 13
O arminianismo e suas principais doutrinas ............................................................................ 16
Divergências doutrinárias ........................................................................................................ 17
Reflexos das divergências ....................................................................................................... 20
Referências .

INTRODUÇÃO
 A partir da reforma protestante em outubro de 1517, na qual Martinho Lutero foi o precursor através das 95 teses, protestando contra as doutrinas da Igreja Católica, surgiram vários ícones e movimentos protestantes, como é o caso de John Calvino (1509 a 1564), com o Calvinismo e Jacob Arminius (1560 a 1609), com o Arminianismo. Estes dois movimentos (Calvinismo e Arminianismo) ultrapassaram os tempos e gerações e até os dias hodiernos se fazem presentes e atuantes. Fazem parte da maioria das igrejas protestantes, ou evangélicas da atualidade. O problema é que existem pontos divergentes entre os movimentos, tanto teológicos como doutrinários. Estas divergências trouxeram grandes reflexos positivos e negativos para o povo cristão. Reflexos estes que no nosso ponto de vista são mais negativos do que positivos. Diante do exposto, o presente trabalho tem como objetivo fazer um levantamento bibliográfico, sobre as principais doutrinas do Calvinismo e do Arminianismo, os pontos divergentes e seus reflexos na atualidade para o povo cristão evangélico ou protestante. Com relação a organização do artigo apresentaremos em primeiro lugar as principais doutrinas do Calvinismo e seu fundador, John Calvino, as principais doutrinas do Arminianismo e seu fundador, Jacob Arminius, em sequência abordaremos as divergências, os reflexos destas divergências. Por fim, apresentaremos algumas considerações com base na confrontação da revisão de literatura realizada. 

O CALVINISMO E SUAS PRINCIPAIS DOUTRINAS 
O Calvinismo é um movimento protestante surgido a partir de John Calvino (1509- 1564). Movimento teológico e religioso, que foi muito importante a partir da reforma protestante e que até os dias atuais tem grande importância no cenário evangélico. É o movimento conhecido, por dar ênfase ao ensino bíblico. Champlim define Calvinismo como o termo que aponta para as doutrinas enfatizadas por João Calvino. Para Feinberg, Calvinismo é o sistema teológico das Igrejas Reformadas, cuja expressão doutrinária oficial é a Confissão de Fé de Westminster, redigida por determinação do parlamento inglês. Os trabalhos tomaram cinco anos e meio, terminando em 1648, deles participando 120 ministros ou teólogos, 11 “lords”, 20 “comuns” (alguns eram das universidades de Oxford e Cambridge) e 7 delegados da Escócia. (FEINBERG et al., 2000, p. 6). João Calvino, foi um dos grandes nomes da reforma protestante e precursor do calvinismo, que foi intitulado desta forma por sua causa. Inspirou algumas das doutrinas que perduram até os dias atuais, e que foram fundamentais para a história da igreja e do cristianismo protestante. Hagglung escreve que: João Calvino, nascido na França em 1509, recebeu ampla educação, inclusive no campo do direito. No que se refere à teologia evangélica, Calvino foi, em grande parte, autodidata; chegou a conhecer as idéias de Lutero principalmente através de livros. Por causa de sua crença, Calvino viu-se forçado a fugir da França em 1534; foi a Basiléia, onde em 1536 publicou seu manual doutrinário, os Institutos da Religião Cristã, em parte para defender seus irmãos de fé na França. Foi a Genebra no mesmo ano e tomou conta da Reforma nesta cidade. Usando medidas ríspidas, Calvino impôs severa disciplina à igreja em Genebra. Também elaborou nova organização congregacional, baseada num colégio de presbíteros que agia em íntima cooperação com as autoridades seculares. Faleceu em Genebra em 1564. A posição de Calvino estava definida em traços gerais nas Institutas de 1536. Mas em edições posteriores (1543 e 1559) expandiu obra original tornando-a uma exposição dogmática ampla, comparável aos Loci de Me- lanchthon, mas organizada com maior rigor sistemático. A terceira edição, de 1559 (a última editada por Calvino), dividia o material doutrinário em quatro livros, que tratavam sucessivamente de Deus como Criador, de Deus como Salvador, da maneira de receber a graça de Cristo, e dos meios externos pelos quais Deus nos convida à comunhão com Cristo e nos preserva nela (igreja e sacramentos). Além das Institutas, Calvino escrevei1 obras menores, sermões, cartas e comentários sobre quase todos os livros da Bíblia. ( HAGGLUND, 2003, p. 223, 224). As principais doutrinas Calvinistas são os chamados 5 pontos do Calvinismo, que Jerry L. Walls e Joseph R. Dongell, 2014, chamaram de “tulip Calvinista”. Esses 5 pontos são: depravação total, eleição incondicional, expiação limitada, graça irresistível e a perseverança dos santos. A Total depravity (depravação total); (Sl 51:5; Jr 13:23; Rm 3:10-12; 7:18; 1Co 2:14; Ef 1:3-12; Cl 2:11-13). É uma doutrina teológica derivada do conceito agostiniano³ do pecado original. O pecado original consiste no pecado inicial cometido por Adão e Eva em   desobediência a uma ordem expressa de Deus, que não comessem do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gn 2.16-17; 3.6). Baseada nesta doutrina a depravação total, é a incapacidade do homem natural em fazer coisas boas, devido a sua natureza caída. Feinberg define como: 1. Total depravação. O homem natural não pode apreciar sequer as coisas de Deus. Menos ainda salvar-se. Ele é cego, surdo, mudo, impotente, leproso espiritual, morto em seu pecado, insensível à graça comum. Se Deus não tomar a iniciativa, infundindolhe fé salvadora, e fazendo-o ressuscitar espiritualmente, o homem natural continuará morto eternamente.(FEINBERG et al., 2000, p. 7) Unconditional election (eleição incondicional); (Ml 1:2-3; Jo 6:65; 13:18; 15:6; 17:9; At 13:48; Rm 8:29, 30-33; 9:16; 11:5-7; Ef 1:4-5; 2:8-10; 2Ts 2:13; 1Pe 2:8-9; Jd 1:4). Na eleição incondicional, Deus escolheu alguns para a salvação em detrimento de outros, de acordo com a sua própria vontade. Feinberg neste ponto diz que: 2. Eleição incondicional. Deus elegeu alguns para a salvação em Cristo, reprovando os demais. Deus não tem obrigação de salvar ninguém, nem homens nem anjos decaídos. Resolveu soberanamente salvar alguns homens (reprovando todos os demais) e torná-los filhos adotivos quando eram ainda filhos das trevas. Teve misericórdia de algumas criaturas, e deixou as demais (inclusive os demônios) entregues às suas próprias paixões pecaminosas. A salvação é efetuada totalmente por Deus. A fé, como a salvação, é dom de Deus ao homem, não do homem a Deus.(FEINBERG et al., 2000, p. 7,) Limited atonement (expiação limitada); (Jo 17:6,9,10; At 20:28; Ef 5:15; Tt 3:5) De acordo com o Rev. Ronald Hanko em sua obra Doctrine According to Godliness, Reformed Free Publish Association, p. 155-156 “Os calvinistas crêem na expiação limitada, isto é, que Cristo não morreu por todos os homens, mas somente pelos eleitos”. Feinberg também pontua: 3. Expiação limitada, ou particular. Segundo Agostinho, a graça de Deus é “suficiente para todos, eficiente para os eleitos”. Cristo foi sacrificado para redimir Seu povo, não para tentar redimi- lo. Ele abriu a porta da salvação para todos, porém, só os eleitos querem entrar, e efetivamente entram.(FEINBERG et al., 2000, p. 8) Irresistible grace (graça irresistível) (Jr 3:3; 5:24; 24:7; Ez 11:19; 20; 36:26-27; 1Co 4:7; 2Co 5:17; Ef 1:19-20; Cl 2:13; Hb 12:2) John Piper em sua obra What We Bellieve About the Five Points of Calvinism, Desiring God, dis que a doutrina da graça irresistível não significa que toda influência do Espírito Santo não pode ser resistida.Significa que o Espirito Santo pode soprepujar toda resistência e tornar sua influência irresistível. Feinberg também trata do assunto da seguinte maneira: 4. Graça irresistível, ou infalível. Embora os homens possam resistir à graça de Deus, ela é, todavia, infalível: acaba convencendo o pecador de seu estado depravado, convertendo-o, dando-lhe nova vida, e santificando-o. O Espírito Santo realiza isto  sem coação. É como o rapaz apaixonado que ganha o amor de sua eleita, e ela acaba casando-se com ele, livremente. Deus age e o crente reage, livremente. Quem se perde tem consciência de que está livremente rejeitando a salvação. Alguns escarnecem de Deus, outros se enfurecem, outros adiam a decisão, outros demonstram total indiferença para com as coisas sagradas. Todos, porém, agem livremente. (FEINBERG et al., 2000, p. 8) Perseverance of the saints (perseverança dos santos) (Is 54:10; Jo 6:51; Rm 5:8-10; 8:28-32, 34-39; 11:29; Fp 1:6; 2Ts 3:3; Hb 7:25). Herman Hoeksema escreve que a perseverança dos santos é um ato da graça de Deus pelo qual ele preserva os crentes em Cristo Jesus, em seu poder e por meio da fé, até o fim para a salvação e glória, de forma que eles lutam o bom combate da fé, de forma que nunca possam cair da graça que uma vez receberam. 5. Perseverança dos salvos. Alguns preferem dizer “perseverança do Salvador”. Nada há no homem que o habilite a perseverar na obediência e fidelidade ao Senhor. O Espírito é quem perseverança pacientemente, exercendo misericórdia e disciplina, na condução do crente. Quando ímpio, estava morto em seu pecado, e ressuscitou: Cristo lhe aplicou Seu sangue remidor, e a graça salvífica de Deus infundiu-lhe fé para crer em Cristo e obedecer a Deus. Se todo o processo de salvação é obra de Deus, o homem não pode perdê-la! Segundo a Bíblia, é impossível que o crente regenerado venha a perder sua salvação. Poderá pecar e morrer fisicamente (1 Cor. 5:1-5). Os apóstatas nunca nasceram de novo, jamais se converteram. (FEINBERG et al., 2000, p. 8) O Calvinismo apoiado na TULIP ou os cinco pontos, tem 03 pontos centrais e fundamentais que são: A soberania de Deus, O livre Arbítrio e a Eleição. Através destes três pontos centrais é delineada toda a teologia calvinista, que é resumida na TULIP. Isto se dá da seguinte maneira: Deus é soberano e através da sua soberania após o pecado original, que somente Adão e Eva tiveram o livre arbítrio de fato, pois a partir da queda todos passam a ter livre agência e não livre arbitrio, porque niguém tem mais condições de escolher entre o bem e o mau, pois a sua natureza já é má. Deus elege os homens uns para a salvação e outros para a condenação ao seu bel prazer, sem que haja nenhum critério e nem condição de o homem buscar a salvação.

O ARMINIANISMO E SUAS PRINCIPAIS DOUTRINAS 
O arminianismo é o resultado do estudo elencado por Jacob Harmesnz (1560-1609), nome que latinizado resultou em Jacob Armínio. Escritor de inúmeros livros, é lembrado como um controverso teólogo holandês e fundamentou sua obra no “sinergismo”, que é um entendimento evangélico em que há cooperação humana para a salvação e contrapõe o “monergismo”, crença adotada por Calvino, entre outros, e defende o entendimento que Deus é soberano para a salvação e que a ação humana não pode interferir neste projeto.
Martinho Lutero, um dos grandes nomes da Reforma Protestante era monergista, mas seu principal apoiador Philip Melanchton era sinergista, e no movimento luteranismo pós Lutero difundiu este entendimento em toda a Europa e posteriormente a Inglaterra e as colonias americanas, principalmente por John Wesley. No muItivariado cenário dos Países- Baixos surgiu em fins do século XVI a figura de um personagem, que breve passaria à História. Os pais deram-lhe o nome de Jakobs Hermanns, ou Hermansen, mas Ele preferiu latinizá-lo para Arminius, como se costumava então. Jakobs corresponde a Jacó, Jaime ou Tiago. (Salvador, p. 15) Arminianismo foi o nome dado ao movimento iniciado através de Jacób Arminius. Movimento que contrapôs algumas doutrinas do Calvinismo. Feinberg discorre que, As raízes do arminianismo, dizem alguns teólogos, estão em Pelágio, que pregava um tipo de auto-salvação, negava que o homem é depravado, e negava que Deus têm algum plano. Jacobus Armjnius (1560-1609), discípulo de Beza (1519-1605), sucessor de Calvino, dedicoü-se com afinco ao estudo das doutrinas calvinistas, a fim de combater mais eficazmente as idéias pelagianas. Entretanto, o calvinista Armínio surpreendentemente chegou à conclusão de que o calvinismo estava errado, e passou a defender a posição que vinha atacando! Em 1610, após a morte de Armínio, seus seguidores produziram um memorial constituído de cinco pontos fundamentais — um resumo do arminianismo. Armínio mesmo não deixou um sistema doutrinário articulado. Segundo alguns, Simon Episcopius (1583-1643) é quem sistematizou o arminianismo. (FEINBERG et al., 2000, p. 5, 6) O arminianismo também formulou, assim como o calvinismo, doutrinas relevantes e importantes, que contribuíram para a história da igreja, no período pós reforma, ultrapassando os limites de tempo eclodindo ainda nos dias atuais. As principais foram relatadas, por alguns autores e foram conhecidas como 5 pontos do arminianismo: Predestinação Condicional (Dt 30:19; Jo 5:40; 8:24; Ef 1:5-6, 12; 2:10; Tg 1:14; 1Pe 1:2; Ap 3:20; 22:17) O Decreto divino de predestinação é condicional, não absoluto. Deus escolheu as pessoas para a salvação, antes da fundação do mundo, baseado em Sua presciência. Ele previu quem aceitaria livremente a salvação, e predestinou os salvos. A salvação ocorre quando o pecador escolhe a Cristo; não é Deus quem escolhe o pecador. O pecador deve exercer sua própria fé, para crer em Cristo e salvar-se. Os que se perdem, perdem-se por livre escolha: não quiseram crer em Cristo, rejeitaram a graça auxiliadora de Deus. .(FEINBERG et al., 2000, p. 6-7). Expiação Universal (Jo 3:16; 12:32; 17:21; 1Jo 2:2; 1Co 15:22; 1Tm 2:3-4; Hb 2:9; 2Pe 3:9; 1Jo 2:2) 2. A expiação é universal. O sacrifício de Cristo torna possível a toda e qualquer pessoa salvar-se pela fé, mas não assegura a salvação de ninguém. Só os que crêem Nele, e todos quantos crêem, serão salvos. .(FEINBERG et al., 2000, p. 6-7).
Vontade Livre (Is 55:7; Mt 25:41-46; Mc 9:47-48; Rm 14:10-12; 2Co 5:10). 3. Livre-arbítrio, ou capacidade humana. Embora a queda de Adão tenha afetado seriamente a natureza humana, as pessoas não ficaram num estado de total incapacidade espiritual. Todo pecador pode arrepender-se e crer, por livrearbítrio, cujo uso determinará seu destino eterno. O pecador precisa da ajuda do Espírito, e só é regenerado depois de crer, porque o exercício da fé é a participação humana no novo nascimento. .(FEINBERG et al., 2000, p. 6-7). A Graça pode ser impedida (Lc 18:23; 19:41-42; Ef 4:30; 1Ts 5:19) 4. O pecador pode eficazmente rejeitar a graça. Deus faz tudo que pode para salvar os pecadores. Estes, porém, sendo livres, podem resistir aos apelos da graça. Se o pecador não reagir positivamente, o Espírito não lhe pode conceder vida. Portanto, a graça de Deus não é infalível nem irresistível. O homem pode frustrar a vontade de Deus para sua salvação. .(FEINBERG et al., 2000, p. 6-7). Decair da Graça (Lc 21:36; Gl 5:4; Hb 6:6; 10:26-27; 2Pe 2:20-22) 5. Os crentes — regenerados pelo Espírito — podem cair da graça e perder-se eternamente. Embora o pecador tenha exercido fé, crido em Cristo e nascido de novo para crescer na santificação, ele poderá cair da graça. Só quem perseverar até o fim é que será salvo.(FEINBERG et al., 2000, p. 6-7).
DIVERGÊNCIAS DOUTRINÁRIAS Dentro do estudo empreendido, na bibliografia estudada apresentamos a seguir os principais divergências doutrinárias abordadas nestas bibliografias. Entre os pontos de divergências teológicas existentes entre Calvinismo e Arminianismo, os que mais repercutiram, estão os assuntos relacionados a natureza da salvação. Calvinismo é o termo utilizado por pessoas que identificam João Calvino como o maior organizador e produtor de verdades bíblicas no período da reforma protestante. Calvinismo é a teologia que entende e enfatiza que Deus é o único responsável pela salvação do homem, ou seja, Deus faz valer sua soberania e poder para que todo aquele que foi previamente escolhido, e ainda mais, que foi criado para ser salvo, seja salvo. A maioria dos calvinistas entendem que o pecado cometido por Adão e Eva, causou um efeito de depravação total no homem, tornando-o incapaz de produzir qualquer coisa espiritualmente boa, sendo assim toda ação humana é inevitavelmente ruim, conduzindo-o sempre para longe de Deus. Por ter a natureza corrompida, e incapaz de aproximar-se de Deus voluntariamente, o homem é incapaz de praticar ações que tenham como resultado final a salvação, sendo assim, o calvinismo apresenta a graça irresistível. Neste entendimento o homem que foi criado e escolhido desde antes da fundação do mundo para ser salvo, será salvo, mesmo que  inconscientemente será conduzido e todo o seu caminhar culminará na salvação para a qual já foi designado. Neste ponto de vista o sacrifício salvífico de Jesus Cristo na cruz para redimir o homem do pecado e torna-lo reconciliável com seu criador se torna limitado, tendo em vista que Jesus não morreu por todos, mas somente para os que já foram criados para serem salvos, evidenciando os que foram criados para serem lançados ao inferno. Os arminiamos, divergem dos calvinistas neste ponto, pois acreditam que o homem pode contribuir ou não para a salvação, tendo o poder de escolha, entre o o aceitar e o recusar, entendendo assim que a graça pode ser resistível e não irresistível como acreditam os calvinistas. Este grupo entende que quando a Bíblia em diversas passagens trata dos predestinados a salvação, refere-se ao atributo divino de onisciência, e não vê as coisas como passado presente e futuro, sendo assim, quando cria um indivíduo já consegue ver se este em algum momento de sua vida se voltará para seu criador, e aceitará o sacrifício de Jesus que morreu para salvar todo aquele que crê. Os calvinistas refutam veementemente o entendimento arminiano sobre o livre arbítrio. Neste, o homem tem liberdade de escolha sobre situações inclusive podem rejeitar a salvação oferecida por meio do sacrifício de Jesus, para os calvinistas, somente nos é permitido escolhas sobre situações supérfluas, no entanto todas as situações de nossa vida que podem mudar os rumos da historia está fora do alcance humano de escolha. Para o entendimento arminiano, a Bíblia foi dada aos homens para revelar o maior e mais importante acontecimento de toda a eternidade, o amor de Deus para com o homem feito à sua imagem e semelhança, para redimi-lo do pecado e salvá-lo e isso ocorre somente para todo o que crê no sacrifício oferecido por Jesus através de seu sacrifício, sendo assim, nada pode limitar essa demonstração de amor, nem tampouco diminuir o sacrifício de Cristo. Um dos pressupostos mais importantes de Deus descritos na Bíblia refere-se à Seu amor, amor este que O fez sacrificar seu único filho, por amor de muitos. Este sacrifício deve estar no cume do projeto de salvação e todos os outros “porquês” devem estar em segundo plano. De forma geral, estas divergências estão mais evidentes e resumidas no entendimento divergente sobre três pontos principais: “expiação universal” por Armínio e contraposta por Calvino com a “expiação limitada”; “predestinação seletiva” por Calvino, interpretada contrariamento por Armínio como “predestinação onisciente” e “livre arbitrio” por Calvino contrariado por Armínio, que defende a “vontade livre”. 
 Ao aprofundar o estudo nas argumetações elencadas por ambos os grupos, nota-se que algumas das bases Bíblicas utilizadas como respaldo para suas afirmações são utilizadas pelos dois lados, alterando somente a forma de interpretação. Quando é apresentado o entendimento sobre “expiação limitada” de Calvino é fundamentado que o sacrifício de Jesus foi feito somente para alcançar e reconciliar os que foram criados por Deus para este fim, ignorando os demais que foram criados para ir ao inferno. Jacob, defende que o sacrifício de Jesus foi um projeto grande demais para ser restrito aos que Deus em sua suprema autoridade já determinou que seriam salvos, e, de certa forma nem precisariam de sacrifício algum. Mas, entende que, sendo a salvação algo majestoso, foi estendido a todos os homens indistintamente, sem qualquer forma de acepção ou escolha seletiva o que contraria alguns dos atributos de Deus, sendo o maior deles o amor sobre o homem “formado à sua imagem e semelhança”. Analisando de forma abrangente, tanto Jacob como Calvino, mesmo que de formas diferentes, acreditam na limitação do sacrificio de Jesus na cruz. Calvino defende este entendimento abertamente, enquanto que Jacob o contraria, mas quando defende que o sacrifício pode ser aceito ou não, de certa forma expõe que o sacrifício vicário pode ser resistido, não tendo poder para convencer o indivíduo que o rejeita ou ignora, sendo assim o sacrifício em que todo o projeto de salvação defendido por Armínio pode não ter o alcance que ele mesmo defende. A “predestinação” apresentada por João, para justificar a argumentação da predileção de Deus para beneficiar alguns, dentre todos os homens criados, a fim de salvar alguns e condenar outros é contestada por Armínio que usa os mesmos versículos para defender que Deus em sua onisciência faz mensão aos que foram “predestinados” já sabendo quais creriam na mensagem da salvação e quais a ignorariam, e não usando de acepção criando alguns para o deleite eterno e outros para o sofrimento sem fim. O texto de Romanos 8:29, ...“Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.”..., segundo o entendimento de Armínio deixa claro que a onisciência de Deus, está descrita como meio para indicar os predestinados, sendo estes os que em algum momento de sua vida se voltariam para Deus e aceitariam o sacrifício de Cristo oferecido a todos quanto crerem. O terceiro ponto de divergência entre os mais discutidos é o “livre arbítrio” por Calvino, e “vontade livre” por Amínio. Para Calvino o pecado de Adão e Eva incapacitou todos os homens de executar ações com o mínimo de imparcialidade. Sendo assim todos os acontecimentos na vida de uma pessoa fazem parte um plano já traçado e determinado. E, pornão haver no homem a condição de escolha inparcial, Deus deve escolher pelo homem, conduzindo os escolhidos ao projeto de salvação que não pode ser recusado. Armínio se opõe veementemente a isso, defende que o pecado cometido por Adão e Eva, distanciaram o homem de Deus e toda e qualquer ação humana é influenciada pelo pecado, mas não está previamente determinado, e alega que caso haja esta determinação prévia, não pode ser imputado ao homem a responsabilidade por suas más ações. Entende que há sim a influência do pecado, mas isso não é determinante sobre suas escolhas, podendo este escolher a reconciliação com Deus ou não, e a recusa desta escolha o direciona ao inferno como consequência. 
  REFLEXOS DAS DIVERGÊNCIAS
 A controvérsia que eclodiu com Armínio no século XVI, perdura até os dias atuais e a falta de conhecimento e a radicalidade de muitos cristãos sobre o tema tem causado separação e distanciamento na igreja de Cristo. Perdeu-se o foco no teor e, principalmente, no conteúdo salvífico que compõe a Bíblia. A Bíblia é um livro que contém informações sobre acontecimentos historicos, mas que tem por finalidade principal revelar aos homens o projeto para reconciliar o homem (criatura) com Deus (criador). Os estudiosos da linha de pensamentos de Calvino, e da linha de Armínio, assim como também seus seguidores, tem demonstrado preocupação em defender pontos de vista partidários e se esquecido de defender e proclamar o evangelho da salvação, que é um mandamento ensinado por Jesus e deve ser feito a todos os homens sem acepção de pessoas. Alguns evangélicos, não só se recusam a aceitar com flexibilidade o entendimento contrário ao seu, podendo ser tanto arminiano como calvinista, que chega a negar e reconhecer o divergente como cristão, questionando se a salvação dada por meio de Cristo possa alcançar o irmão de entendimento diferente do seu, e tais posturas tem ao longo de séculos limitado o alcance do evangelho de Cristo que apresenta esperança aos desesperançados. Desta forma, fica evidente que a preocupação de que o evangelho da salvação seja conhecido por todos tornou-se secundário, tendo como prioridade o entendimento pessoal, e as discussões para mostrar quem está com a razão, levando a uma guerra em que não há ganhadores, mas ficam os derrotados, e estes são os que não tiveram a oportunidade de conhecer o evangelho que anuncia as boas novas da salvação e apresenta uma esperança a todos quanto crerem. 
REFERÊNCIAS
 DUDUS, Gérson; Fontana, Valéria. Teologia dos Reformadores. São Paulo: Vida Nova,1994. FEINBERG, John. Predestinação e livre-arbítrio. 3.ª ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2000. HAGGLUND, Bengt. Historia da Teologia. 7.ª ed. Porto Alegre: Concórdia, 2003. OLSON E, Roger. Teologia Arminiana: Mitos e Realidades. São Paulo: Reflexão, 1992. SALVADOR, José Gonçalves. Arminianismo e Metodismo: Subsídios para o estudo da História das Doutrinas Cristãs. São Paulo: Igreja Metodista do Brasil, s/d.

                                        



Resultado de imagem para IMAGEM SALVAÇAO


Nenhum comentário:

Postar um comentário