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sábado, 30 de junho de 2018

ENCICLOPÉDIA DE TEOLOGIA E FILOSOFIA 2° PARTE

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 ESTUDO INTERESSANTE SOBRE ''DEDO''- (DEDO DE DEUS)

No hebraico, etsba, com pequena variação no
aramaico (esta última forma somente em Dan. 5:5). A
palavra hebraica ocorre por trinta e duas vezes. Para
exemplificar, Êxo. 8:19; Lev. 4:6,17,25,30; 16:14,19;
Núm. 19:4; Sal. 8:3; Pro. 6:13; Can. 5:5; Isa. 2:8;
59:3; Jer. 52:21. No grego, dáktulos, termo que figura
por nove vezes: Mat. 23:4; Mar. 7:33; Luc. 11:20,46;
16:24; João 8:6,8; 20:25,27. Tanto a palavra hebraica
quanto a palavra grega indicam tanto um dedo da
mão quanto um artelho do pé, pois não havia termos
diferentes para esses dois apêndices do corpo. A
palavra grega também indicava a menor medida de
comprimento entre os gregos, a saber, a largura de
um dedo, cerca de 1,78 cm.
I. O Dedo literal
Ver usos literais do dedo no A.T.: o sacerdote que
molhava um dedo no sangue dos sacrifícios (Lev.
4:6,17,25 etc.); quando o azeite era aspergido com o
auxilio dos dedos (Lev. 14:16,27). Os dedos eram
usados em gesticulações, durante os diálogos entre
pessoas (Pro. 6:13). Um dedo podia representar a
mão inteira, como no caso de dedos manchados de
sangue (Isa. 59:3; em português, dedos contaminados
de iniqüidade). Em I Crô. 20:6, há menção a certa
curiosidade genética de um homem com um dedo
extra em cada mão e um artelho extra em cada pé.
Belsazar viu uma mão que escrevia palavras
enigmáticas na caiadura da parede da sala do
banquete (Dan. 5:5). Jesus escreveu alguma coisa na
areia, com o dedo, enquanto certos homens acusavam
a mulher apanhada em adultério (João 8:6). Tomé,
um dos apóstolos de Jesus foi convidado a pôr seu
dedo sobre os ferimentos cicatrizados das mãos de
Jesus, que haviam sido produzidos pelos cravos da
cruz (João 20:25,27).
D. Uaoa Figurado«
1. O dedo de Deus. Essa expressão indica o poder
de Deus e a precisão com que ele é capaz de
empregá-lo. Quando os mágicos egípcios não
puderam continuar duplicando as pragas >de Moisés, reconheceram que naquilo havia o dedo de Deus. Em outras palavras, aquilo era algo que somente Deus era
capaz de fazer, era um ato divino. O incidente provou
a autoridade de Arão e Moisés. Lemos em Deu. 9:10
que os dez mandamentos foram escritos pelo dedo de
Deus. Os céus foram feitos pelos dedos de Deus (Sal.
8:3). Algo tão maravilhoso como isso requereu todos
os seus dedos. O poder que Jesus tinha de expulsar os
espíritos malignos é referido como o dedo de Deus, em
Lucas 11:20. O paralelo de Mateus diz «Espírito»,
sendo provável que uma coisa interprete a outra. Seja
como for, o poder de Deus para fazer algo específico e
de modo eficaz, está em vista.
2. O «dedo que ameaça», em Isaías 58:9, refere-se
ao uso dos dedos, em gesticulação, durante alguma
conversa, talvez dando a entender que alguém
apontava o dedo em direção dos humildes e piedosos.
3. A grossura «de quatro dedos» indica uma medida
(ver Jer. 52:21). Tal medida era tomada com a mão
espalmada, na largura maior dos quatro dedos da
palma da mão, sem o polegar, o que dá uma média de
7,5 cm. Ver o artigo separado sobre Quatro Dedos.
4. Reoboão, filho de Salomão, taxou pesadamente
o povo de Israel e ainda vangloriou-se de que seu dedo
mínimo (com o qual, figuradamente, exercia pressão)
era mais grosso que a cintura de seu pai (I Reis
1 2 : 10 ).
5. Os fariseus costumavam impor pesadas cargas ao
povo, mas não ajudavam a quem quer que fosse, nem
com um dedo, o que aponta para a indiferença para
com as exigências morais e religiosas que eles mesmos
impunham (Mat. 23:4).
6. O dedo faz parte integral da mão, apesar de ser
uma entidade separada. Por causa dessa circunstância, tenho usado a figura do dedo, no tocante à mão,
na tentativa de explicar a relação entre o juízo de
Deus e a mão de Deus. Essas idéias não são
contraditórias, da mesma maneira que um dedo não
contradiz a sua própria mão, e nem faz oposição à
mesma. Consideremos esta frase: «O julgamento
divino é um dedo da mão amorosa de Deus». Isso
significa que o juízo é um instrumento do amor de
Deus. O juízo divino haverá de realizar alguma coisa.
£ mister que esse juízo seja remediai, e não apenas
punitivo, conforme também se aprende em I Pedro
4:6.
7. A doutrina oriental do superego, que supõe que o
superego humano pode encarnar-se em mais de um
lugar ao mesmo tempo, emprega a comparação entre
um dedo e a sua mão. A mão representa o superego, a
entidade espiritual humana verdadeira. Os dedos da
mão representam diversas encarnações alegadas, que
teriam lugar ao mesmo tempo. Porém, há uma
unidade essencial entre todos os dedos e a sua
respectiva mão. Portanto, o superego pode obter
informações da parte de várias vidas ao mesmo
tempo, enquanto preserva a sua unidade essencial, a
despeito do fato de que vários corpos possam ser
usados por ele, ao mesmo tempo.
8. Os estudos clínicos sobre os sonhos têm
demonstrado que qualquer objeto pontudo, incluindo
um dedo, pode representar o pênis.



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DEMÔNIO, DEMONOLOGIA

Esboço:
I. O Termo Daimon e Declaração Preliminar
II. Caracterização Geral
III. Idéias de Várias Culturas Sobre os Demônios
IV. A Demonologia no Novo Testamento e na
Interpretação Cristã
 
     I. O Termo «Daimon» c Dedaraçio Preliminar
Este termo era empregado no gr. clássico, às vezes,
como um sinônomo de theos (deus). Ver seção III.
Assim o usou Homero (século IX A.C.). Por
outros autores, entretanto, a palavra foi utilizada
para indicar certas divindades subordinadas, que
inocentavam os deuses maiores da prática de muitas
maldades; e é provável que por causa dessa mesma
circunstância é que a palavra finalmente passou a
significar alguma entidade sobrenatural cujo propósito é o de praticar a maldade. Esse termo também tem
sido usado para referir-se às almas dos homens que,
por ocasião da morte, são elevados a determinados
privilégios, e, posteriormente, passou a indicar os
espíritos humanos em geral, partidos deste mundo.
Gradualmente, esse vocábulo foi-se limitando aos
espíritos malignos em geral, exclusivamente, sem
qualquer definição sobre a origem ou natureza desses
espíritos.
Do princípio ao fim as Escrituras comprovam a
realidade do mundo dos espíritos, que tanto podem
ser maus quanto bons. Os espíritos, tanto os bons
quanto os maus, são apresentados como extremamente numerosos (ver Efé. 1:21; 6:12; Col. 1:16 e Mar.
5:9). Os espíritos malignos têm influência sobre os
homens, e procuram ocupar os seus corpos (ver Mar.
5:8 e Mat. 12:43,44). São imundos (o que significa
que tornam o indivíduo incapaz de entrar em contacto
com Deus, com o culto ao Senhor e com a adoração).
Algumas vezes são obstinados, com freqüência são
maldosos e violentos, mas podem ser imitadores do
bem, e supostamente trazem alguma luz. (Ver I Tim.
4:1-3). Sua inspiração não se limita a atos vis, mas
essa perversa influência pode estar vinculada até
mesmo ao ascetismo religioso. Um dos mais severos
julgamentos, nos tempos do fim, consistirá da
liberação de um poder demoníaco extremamente
virulento neste mundo (conforme alguns consideram
que ensina a passagem de Apo. 9:1-11, embora outras
indicações sobre isso também existam nas Escrituras).
Nada de realmente certo se encontra sobre a origem
dos demônios, nas páginas da Bíblia, ainda que
muitos creiam que sejam os anjos caídos que seguiram
a Satanás. (Ver Apo. 12:7-9 com Apo. 12:3,4). Mas
outros estudiosos acreditam (conforme criam muitos
dos antigos) que são espíritos dos mortos que ainda
não entraram em qualquer estado bem determinado
de transição. Outros, ainda, sustentam que os
demônios pertencem a ambas essas ordens de seres.
Muitos psicólogos modernos duvidam que exista
realmente a possessão por meio de espíritos, mas a
experiência universal com tais espíritos desaprova
essas dúvidas. Alguns daqueles que se ocupam de
pesquisas psíquicas, nestes últimos anos, estão
convencidos da realidade do mundo dos espíritos,
tanto bons como maus. Ê uma completa tolice pensar
que simplesmente porque não podemos ver os
espíritos, eles não existem—todavia, alguns sensíveis
(pessoas psiquicamente dotadas) asseveram que
podem ver ocasionalmente aos espíritos, e alguns
deles vêem-nos regularmente. É fato sobejamente
conhecido que os sentidos humanos são extremamente limitados, não percebendo muitas coisas que
sabemos que realmente existem, como, por exemplo,
a força chamada lei da gravidade; e assim, a maior
parte deste mundo totalmente físico continua
imperceptível para os nossos sentidos (e quanto mais
o mundo espiritual)! Assim, pois, afirmar alguém que
algo não existe simplesmente porque os seus sentidos
não são aptos a captá-lo, mostra que esse alguém se
deixa levar por preconceitos. Mas uma coisa que  
sabemos bem é que não sabemos praticamente coisa
alguma acerca do universo em que vivemos. Não
obstante, existem muitas evidências inequívocas,
perceptíveis até mesmo para os sentidos humanos,
que confirmam a existência de um mundo dos
espíritos ao nosso redor.
Era ponto teológico comum, entre os judeus (sendo
ensinado nas escolas teológicas judaicas dos fariseus e
de outros), que os demônios, capazes de possuir e de
controlar um corpo vivo, são espíritos de mortos
partidos deste mundo, especialmente aqueles de
caráter vil e de natureza perversa. (Ver Josefo, de
Bello Jud. VII. 6:3). Os gregos, os romanos e outros
povos antigos compartilhavam dessa crença. Alguns
dos pais da Igreja também aceitaram essa idéia, tais
como Justino Mártir (150 D.C.) e Atenágoras.
Tertuliano (150 D.C.) foi o primeiro pai da igreja a
começar a modificar essa idéia, e deu origem à crença
de que os demônios fazem parte exclusivamente de
uma ordem de anjos decaídos. Finalmente, tendo
aparecido o grande comentador Crisóstomo (407
D.C.), obteve aceitação geral a idéia de que os
demônios não são espíritos humanos caídos, e, sim,
pertencem à ordem de anjos caídos juntamente com
Satanás. Essa idéia também prevalece na teologia
moderna, apesar de ainda existirem alguns que se
apegam à idéia mais antiga, como Lange (do
Comentário de Lange),—que acredita que aquilo que
conhecemos pelo titulo de demônio pertence tanto à
ordem de espíritos humanos que daqui partiram e que
se tornaram parte de um nível mais baixo dos
espíritos, como à ordem de seres angelicais caídos.
Lange, portanto, aceita ambos os pontos de vista. As
próprias Escrituras nada nos informam acerca da
origem dos demônios, pelo menos em termos bem
definidos; por isso mesmo, a sua identificação com os
anjos caídos pode representar ou não a verdade. Se
isso representa a verdade, mesmo assim pode não
representar a verdade inteira sobre a questão. Muitos
casos de possessão demoníaca parecem demonstrar
que alguns demônios, pelo menos, são de fato
entidades que antes eram seres humanos comuns.
Pois é possível que por enquanto, pelo menos
parcialmente, estejamos dentro de um intervalo de
tempo, antes do julgamento, e que os espíritos não
foram ainda para o seu destino final; embora também
seja possível que exista alguma forma de comunicação
entre certas dimensões espirituais (que podem até
mesmo ser chamadas de hades) e os homens. Diversos
exemplos bíblicos mostram que a comunicação com
os mortos é algo que ocorre ocasionalmente. Nas
Escrituras somos advertidos contra essa prática, mas
não nos é dito ali que tal comunicação seja impossível.
Existem evidências que parecem indicar que a posição
assumida por Lange, de que os demônios pertencem a
ambas as ordens; tanto espíritos humanos de mortos
como seres pertencentes à ordem de anjos caídos—é a
mais correta, embora nos faltem provas inequívocas
quanto a isso.
Quanto a outros detalhes sobre o termo, ver sob o
terceiro ponto, 1.
Esse vocábulo, usado em sentido tanto positivo
quanto negativo, quase sempre traz até nós o conceito
da possibilidade de um contacto real do homem com
as forças espirituais, imateriais da criação, usualmente invisíveis. Assim, em certo sentido, a demonologia
é uma extensão do conceito teísta, que diz que o
homem não está sozinho no universo, havendo
poderes espirituais invisíveis que precisamos levar em
conta. Essas forças podem influenciar a vida humana
para melhor ou para pior. A vida jamais poderá ser 
reduzida à razão e ao empirismo. Também existem
realidades místicas, de natureza positiva e negativa.
D. Caracterizaçio Geral
Puas coisas s&o indiscutíveis sobre esse assunto:
primeira, nem os hebreus e nem os cristãos criaram as
elaboradas demonologias e angelologias que, finalmente, vieram a ser aceitas. Segunda, apesar das
elaborações, exageros e elementos místicos que
entraram no pensamento hebreu e cristão, no tocante
aos demônios, essas noções são corretas quanto à
temível realidade dos demônios e sua capacidade de
influenciar e de apossar-se das pessoas.
Que os espíritos malignos existem e exercem poder
sobre os homens tem sido uma idéia universalmente
aceita. Essa idéia permeia todos os níveis da
sociedade, podendo ser encontrada entre as tribos
mais primitivas e as civilizações mais avançadas. Essa
universalidade fala em favor da veracidade dessas
noções, sem importar os exageros e os elementos
mitológicos criados em torno do assunto. Os
demônios são vistos como seres poderosos, sobre-humanos, pertencentes a vários níveis de seres. Alguns
são tidos como espíritos humanos desencarnados,
negativos, que ainda não chegaram ao seu destino, e
que continuam tentando viver suas vidas nas vidas de
outras pessoas, através de influência ou de possessão.
Outras classes incluem os elementares, que são menos
poderosos do que os espíritos humanos, como se
fossem uma espécie de símios do mundo espiritual.
Porém, até mesmo esses podem ser um incômodo.
Então, se subirmos um pouco mais na escala,
encontraremos os anjos caídos, os quais também
pertencem a diversas categorias. Após o século V
D.C., essa tornou-se a identificação mais comum dos
demônios na teologia cristã, embora outras identifica­
ções não tenham sido abandonadas. Os demônios
mais perigosos são aqueles que pertencem a elevadas
ordens de seres espirituais; e a conexão com os anjos
caídos sem dúvida está correta, pelo menos em parte.
Em parte, digo, porque as evidências mostram que na
influência e na possessão demoníaca há fenômenos
que não podem ser explicados mediante nenhuma
resposta simples. Alguns demônios são relativamente
fáceis de serem expelidos, até mesmo por métodos
não-religiosos, como maldições e uma linguagem
obscena, que, por assim dizer, requeimam os ouvidos
dos intrusos, encorajando-os a buscar habitações mais
pacíficas. Porém, outros demônios são praticamente
impossíveis de ser desalojados pelos exorcismos
comuns. Na verdade, há pessoas que receberam o
dom do exorcismo. Isso tem sido amplamente
comprovado na prática. Essas pessoas revestem-se de
uma autoridade espiritual que lhes toma possível
ordenar às forças malignas e serem atendidas por
elas. Nem todo pastor, padre ou oficial eclesiástico
tem essa autoridade, e ritos exorcizadores geralmente
provocam maior atividade demoníaca ainda! Bandeiras e fronteiras denominacionais parecem ter
pouco a ver com essa autoridade de alguns exorcistas.
O exorcismo (que vide) é realizado com sucesso por
todos os grupos cristãos, por religiões não-cristãs e
por pessoas não-religiosas, igualmente. Até mesmo os
psicoterapeutas, em certas ocasiões, parecem ser
capazes de pôr fim a casos reais de possessão
demoníaca. Usualmente, porém, o exorcismo tem
envolvimentos religiosos. Se isso não se dá por outra
razão, é que quando alguém começa a lutar contra as
forças malignas é apenas sensato invocar forças
espirituais positivas, como aquelas que giram em
tomo da religião. Outrossim, a maior parte dos
exorcistas compõe-se de ministros religiosos de
alguma espécie, pelo que são homens dotados de  
perspectiva espiritual.
No pensamento hebreu e cristão, tornou-se usual
considerar maus todos os demônios. Esses são os
espíritos que mais chamam a atenção, porquanto s&o
perturbadores. Os cristãos primitivos levavam muito a
sério a existência e o poder dos demônios, conforme é
demonstrado pela freqüente menção a eles, no Novo
Testamento. Males mentais e corporais eram atribuídos às atividades de espíritos invisíveis, o que
ocorre na história da maioria das culturas. Jesus dava
ordens aos maus espíritos, e eles lhe eram obedientes
(Mar. 1:27). Eles reconheciam a autoridade espiritual
dele, e não ousavam fazer-lhe oposição. Os discípulos
de Jesus deram continuação ao seu ministério de
curas, no tocante ao corpo e à mente, e se utilizavam
da autoridade do nome de Jesus quando tratavam
com os espíritos malignos (Atos 16:18; Mar. 9:38;
Luc. 10:17). As culturas com as quais o cristianismo
foi entrando em contacto, à medida que se propagava,
já tinham suas respectivas demonologias, havendo
muitas interferências demoníacas, pelo que nada de
novo foi introduzido nessa área, excetuando o fato de
que há aquele Nome que é capaz de libertar, com o
qual as pessoas das culturas pagãs não estavam
acostumadas.
Entre os judeus era corrente a noção que a idolatria
pagã era influenciada pelos demônios, e que, algumas
vezes, os demônios são o próprio alvo da adoração
idólatra. Paulo compartilhava dessa crença, pois,
apesar de chamar um ídolo de coisa vã, em certas
ocasiões (ver I Cor. 8:4), em outras oportunidades ele
afirmava que os demônios eram objetos da adoração
idólatra do paganismo (I Cor. 10:20). Por volta do
século III D.C. já havia surgido uma espécie de classe
de exorcistas oficiais no cristianismo, usualmente
constituída por ministros, e as pessoas apelavam para
eles, a fim de serem ajudadas contra os demônios.
m . Idéias de Várias Culturas sobre os Demônio«
1. Na Cultura Grega. As antigas lendas gregas
retratam os deuses envolvendo-se com os homens, de
forma comum e fácil. Nos escritos de Homero, um
daimon era considerado uma força divina, uma
espécie de divindade secundária; e, algumas vezes,
essa palavra era usada como sinônimo de théos,
«deus». Talvez a palavra fosse ocasionalmente usada
como personificação de alguma força vaga e
desconhecida, porém temida, embora possamos ter a
certeza de que entidades verdadeiras estavam em
foco. Mas, essa palavra não envolvia uma conotação
negativa, a menos que a força envolvida fosse tida
como negativa. Nos escritos de Hesíodo, o daimon
algumas vezes era concebido como a alma de um
homem da era áurea que conseguira estabelecer a
conexão entre os deuses e os homens, quando então
theoi e daimones eram confundidos como um só tipo
de entidade. Essa palavra também era usada para
aludir ao gênio ou destino do indivíduo, ou então para
referir-se a um poder mal definido que controlava a
vida de uma pessoa, mais ou menos como a palavra
destino é usada em nossos dias. Os fantasmas dos
heróis eram, algumas vezes, identificados com os
daimones, o que significa que o humano era
confundido com o divino. Os conceitos sobre a
divindade eram assim rebaixados a tal ponto que
eram confundidos com conceitos sobre demônios. Ver
o artigo sobre a Deificação, o que ilustra o ponto.
Os gregos criam na existência de espíritos
orientadores, da ordem dos anjos guardiães, pelo que
um daimon (sem importar seu nível) algumas vezes
era concebido como um desses espíritos. O diálogo de
Platão, Apologia, mostra que Sócrates pensava que 
era guiado por um daimort; mas não devemos pensar
em qualquer espírito maligno, no seu caso. Alguns
estudiosos supõem que Sócrates foi um médium
psíquico, sem sabê-lo, mas esse ponto é debativel.
Falava-se também sobre o espírito chamado alastor,
que teria especiais poderes de vingança; e os espíritos
humanos desincorporados seriam capazes de afligir
fisicamente às suas vítimas. Os espíritos teriam
poderes de possessão. Heráclito (que vide) procurou
suavizar essa idéia ao observar que o caráter é o
espírito que habita em um homem, e não uma
entidade separada. Platão identificava os demônios
com as almas dos mortos (Cart. 398), supondo que
eles poderiam fazer um trabalho de mediação entre
Deus (ou os deuses) e os homens (Banquete III,
202,203). Os estóicos contavam com uma doutrina
exagerada a respeito dos demônios, misturando-os
com praticamente tudo. Epicuro, por outro lado,
negava a existência dos demônios. Visto que se
acreditava que espíritos de vários tipos podiam
transmitir sorte, doenças, etc., aos homens, desde os
tempos clássicos encontramos a base da demonologia
posterior. Referências em Timeu (partes 41,42,69,71,
75), de Platão, indicam que uma das crenças era que
as almas dos homens, após a morte, podem tomar-se
daimones negativos. Isso quer dizer que a palavra é ali
usada em sentido negativo, o que, afinal, veio a ser o
sentido único no Novo Testamento. Lembremo-nos,
por igual modo, que os theoi da cultura grega
algumas vezes rebaixavam-se praticando atos pró­
prios dos demônios. Em conseqüência, o desenvolvimento de uma doutrina da demonologia, usando a
palavra daimon, antes honrada, foi um acontecimento natural.
2. Na Mesopotâmia. Os demônios aparecem muito
ativos na sociedade mesopotâmia, a julgar pela
complexidade da demonologia deles. Os rios Tigre e
Eufrates eram uma ameaça constante ao bem-estar
dos povos daquela região do mundo. Quando aqueles
rios inundavam e destruíam, muitos tinham certeza
de que poderes demoníacos estavam à solta. A
mitologia dos sumérios contém muitas alusões a
deuses bons, anunnaki, e a sete espíritos maus, ou
demônios, os asakki, que habitavam no mundo
inferior e podiam exercer drásticas influências sobre a
vida humana. As enfermidades eram consideradas
invasões desses seres, no corpo humano, através dos
orifícios do corpo. Vários ritos eram usados na
tentativa de expeli-los. Brincos e colares, e outros
encantamentos eram usados para tentar desviar esses
demônios. As atividades dos maus espíritos trariam
toda espécie de infortúnio. Deuses patrocinadores
eram invocados para controlar circunstâncias adversas. Ordens sacerdotais eram treinadas para exorcizar. Também se pensava que os fantasmas de pessoas
mortas podiam fazer aquilo que agora atribuímos aos
demônios, o que reaparece como uma crença
constante em muitas culturas, incluindo a cultura dos
hebreus. Esses fantasmas eram chamados etimmu, e
os sacerdotes tinham encantamentos para proteger as
pessoas dos atos maus.
Os mesopotâmicos davam nomes específicos a
demônios específicos, como os rabisu, os «agachadores», que tinham o costume de ficar à espreita de suas
vitimas, apanhando-as desprevenidas. Os sumérios
salientavam o valor mágico dos nomes, e o exorcismo
com freqüência incluía a idéia de que se fosse possível
obter o nome de um demônio, isso ajudaria na
tentativa de expeli-lo. Essa crença pode ser comparada com Mar. 5:9 e Luc. 8:30. Alguns exorcistas
modernos continuam a prática de primeiro obter o
nome do demônio, antes de começar o exorcismo. Os 
babilônios levavam essa questão a extremos, supondo
que os espíritos malignos podem penetrar nas roupas
ou nas estruturas dos edifícios. Os asakki dos
sumérios eram chamados utukku pelos babilônios.
Havia um demônio feminino muito temido, de nome
Lamashtu. A especialidade dela era molestar,
prejudicar e matar crianças. O demônio Namtar
tinha, à sua disposição, sessenta doenças diferentes
com que prejudicar aos homens. Um amigo seu era
Irra especialista no envio de pragas. Lilitu (também
mencionado na literatura hebraica; ver sobre lilith)
era um succuba, isto é, um demônio sensual, que
tentava os homens durante o sono, com sonhos
tipicamente freudianos. A Ardat Lili dos assírios
tinha o mesmo tipo de mentalidade, e ela e seu
companheiro macho não davam descanso às mulheres.
3. No Egito. Os eçípcios acreditavam em muitos
seres demoníacos, cuja finalidade era deixar a vida
humana o mais miserável possível, embora não os
classificassem de maneira elaborada como o faziam os
mesopotâmios. Além disso, os demônios concebidos
pelos egípcios tinham menos trabalho a fazer,
porquanto os desastres naturais, como as tempestades
e as enchentes, eram atribuídos aos próprios deuses,
mais ou menos da ordem dos theoi gregos, que
perturbavam continuamente os homens. No Egito,
os demônios gostavam de infligir enfermidades e
febres noturnas, ou alguma praga ou dor súbita. Os
sacerdotes egípcios dispunham de encantamentos
para proteger as pessoas. Os egípcios tinham
demônios aéreos, ou seja, demônios habitantes da
atmosfera terrestre. Por essa razão é que eles
fumigavam periodicamente seus templos, palácios e
mesmo lares, especialmente por ocasião de algum
funeral, o que servia de ocasião para os demônios se
ativarem de maneira extraordinária. Novamente, em
consonância com a maioria das culturas, os egípcios
pensavam que alguns demônios eram fantasmas ou
espíritos de pessoas que já haviam morrido, mas que
teimavam em ficar gravitando por este mundo a fim
de molestar aqueles que ainda tinham corpos físicos,
como sinal de sua mortalidade. De acordo com muitas
demonologias, os egípcios também enfatizavam a
necessidade de descobrir o nome do demônio, a
influência de dias bons ou maus (com o uso de
horóscopos), a natureza eficaz de pedras preciosas,
encantamentos e ritos, para proteção e livramento.
Porém, para eles as crianças estavam em segurança,
porquanto não haveria demônios especializados em
molestá-las.
4. No Antigo Testamento c nos livros Apócrifos.
Não há uma demonologia plenamente desenvolvida
no Antigo Testamento, o que demonstra o fato de que
esse foi um desenvolvimento gradual na cultura
hebraica, com muitos empréstimos feitos de outras
culturas. Outro tanto sucedeu no campo da
angelologia. Os antigos textos hebraicos não têm uma
palavra separada para indicar «demônio». As
atividades negativas sobrenaturais eram efetuadas
pelo elohim, um nome comum dado ao próprio Deus.
Nisso temos um paralelo com a cultura grega, onde
theos podia ser um deus bom ou um deus mau.
Elohim é empregado para indicar os fenômenos
extraordinários e os poderes proféticos de Balaão
(Núm. 24:2), ou aqueles ligados a Saul (I Sam. 10:11;
19:20-23). As traduções dizem «Deus», mas talvez
«deus» estivesse mais correto. Seja como for, o uso
adjetivado da palavra elohim é definidamente usado
em conexão com um espírito maligno, em II Sam.
16:15,16,23. Porém, até mesmo ali, alguns tradutores
insistem em supor, que está em foco o Deus de Israel.
Em harmonia com o modo egípcio de manusear a 
questão, as pragas, as enfermidades e muitas mazelas
humanas são atribuidas a Deus, no Antigo Testamento, e não a espíritos malignos. Ver Exo. 9:3; J6 2:7; II
Sam. 1:9. A cãibra, citada na última dessas
referências, segundo supõem alguns intérpretes,
indicaria um ataque de espirito maligno, mas o ponto
tem sido muito debatido. Conforme tudo isso nos
permite ver, as elaboradas demonologias das culturas
pagãs simplesmente fazem-se ausentes no Antigo
Testamento, embora ali haja alusões a tal crença. O
trecho de Deuteronômio 32:17 é um exemplo disso,
onde a Septuaginta diz daimonia. Essa referência,
porém, poderia ser uma séria aceitação da natureza
demoníaca dos deuses pagãos, ou seja, de certa forma
de demonologia. Outras referências similares existem,
como a de Levítico 17:7, aos «cabeludos», que seria
uma alusão aos sátiros. O sentido dessa palavra é
«bode»; mas, nas referências pagãs há deuses ou
demônios que habitavam em lugares ermos (comparar
com Isa. 13:21; 34:14). A adoração ao bode, com os
ritos depravados paralelos, era comum no Baixo
Egito, e o povo de Israel estava familiarizado com a
mesma, desde antes do êxodo. Nessa adoração estava
envolvido o culto aos sátiros, visto que essa criatura
imaginária é o «cabeludo» (embora nossa versão
portuguesa diga «demônio», em Lev. 17:7). Ver
também II Crônicas 11:15, nessa conexão. Esses
versículos provavelmente estão por detrás da declara­
ção paulina de que a idolatria envolve a adoração de
demônios (I Cor. 10:20, que parece ter Deuteronômio
32:17 especialmente em vista). Isaías alude ao
demônio feminino Lilutu, em Isa. 34:14 (onde nossa
versão portuguesa diz «fantasmas»). Esse demônio
feminino viria tentar os homens, durante o sono,
sendo capaz de efetuar atos sexuais com eles. Outras
possíveis referências, no Antigo Testamento, às
atividades demoníacas, como a destruição que assola
ao meio-dia (Sal. 91:6) ou o terror da noite (Sal. 91:5),
ou a sanguessuga (Pro. 30:15), presumíveis aflições
provocadas por espíritos que causam doenças (Deu.
28:22), são um tanto mais dúbias, e, provavelmente,
só envolvem expressões poéticas, sem abordar
qualquer especulação demonológica.
Origem dos Demônios. Ê abundantemente
claro que o Novo Testamento não apresenta
— qualquer informação — sobre esta questão.
Josefo (
Guerras, VII. 6.3) pensava que os demônios
eram espíritos dos homens maus, que depois da morte
voltariam a este mundo para — continuar — suas
.vidas ruins. Essa idéia era comum entre os antigos,
incluindo os gregos e hebreus. Também foi a idéia de
alguns dos pais da Igreja, como Justino (c. 150 D.C.)
e Atenágoras. Tertuliano foi o primeiro a mudar a
idéia na Igreja, promovendo o ensino de que os demô­
nios são anjos caídos, não almas humanas. Crisóstomo
(407 D.C.) rejeitou o ensino de que os demônios são
espíritos humanos e muitos eruditos o seguem neste
ensino. A evidência indica que
alguns demônios são
espíritos humanos desencarnados, mas outros são de
outras ordens de entidades, inclusive da ordem dos
anjos caídos. Estudos sobre
possessão mostram,
claramente, que existem muitas formas e forças de
possessão. Ê óbvio que diversas ordens de seres são
envolvidas no fenômeno, inclusive espiritos elementares que são sub-humanos, e não sobre-humanos. Há
muitos mistérios.
 
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ENCICLOPÉDIA DE TEOLOGIA E FILOSOFIA 1° PARTE



JEOVÁ
Ver sobre Yahweh.

Uma variação non-sense do nome Yahweh. Outra

variação èJavé. Ver o artigo geral sobre Deus, Nomes
Bíblicos de, onde estão incluídas muitas informações
sobre esse nome particular. Ver sobre Yahweh e os
diversos nomes combinados com esta designação.
Yahweh era o nome pessoal do Deus de Israel. Que
a forma Yahweh é a forma correta pode-se provar
mediante transcrições para o grego. Quando, pela
primeira vez, foram inseridos sinais representando
fonemas vogais, na Bíblia hebraica, já no século VII
D.C., as letras vogais da palavra hebraica aDoNaY,
«Senhor» foram escritas intercaladas com as consoantes YHWH, produzindo assim o nome artificial Jeová.
Esse não era, realmente, um nome divino; mas
muitos, temendo pronunciar Yahweh, como apelativo
por demais sagrado, passaram a usar como um
substituto aceitável. Portanto, Jeová é um híbrido sem
base bíblica nenhuma, que começou a ser usado de
modo geral, como um dos nomes de Deus, no século
XIV D.C. Isso ocorreu porque os eruditos cristãos da
época não reconheceram a natureza híbrida da forma
Jeová.
Esse nome hebraico de Deus também aparece com
as formas abreviadas de Yah (Êxo. 15:2, etc. em
português, «Já») e Yahu ou Yeho. Estas duas últimas
formas aparecem em inscrições hebraicas e assírias, e
também nos papiros escritos em aramaico. Mas o
nome abreviado original parece ter sido Yaw, que tem
sido tentativamente identificado com um dos nomes
divinos pagãos encontrados nos documentos de Eras
Shamra (vide), provenientes do norte da Fenícia, do
século XV A.C. Alguns especialistas supõem que o
nome Yahweh não foi cunhado por Moisés, e nem por
qualquer dos demais autores bíblicos; antes, seria um
nome pré-mosaico, como um antigo nome de Deus
que Moisés usou, tal como a moderna palavra
portuguesa «Deus» é apenas o aportuguesamento do
termo latino Deus, que como é óbvio, antecede ao uso
português por muitos e muitos séculos. Os trechos de
Êxo. 3:13-15 e 6:4 parecem indicar que esse nome
começou a ser usado no Antigo Testamento como se
tivesse havido uma revelação especial do nome. Gên.
4:26, por sua vez, parece dar a entender uma origem
não hebréia, ou seja, quando esse nome começou a ser
usado pelos hebreus, teria sido tomado por empréstimo de alguma fonte extrabíblica. Seja como for, a raiz
do nome, sem dúvida, é antiqüissima, sendo provável
que aparecesse entre os nomes de divindades
mesopotâmicas. Alguns supõem que Moisés chegou a
adorar a Yahweh, mediante seu casamento com a
filha de um queneu, em Midiã(Êxo. 3:1 ss\ 18:12-24).
A isso se chama de teoria quenita, o que, como é
óbvio, é uma teoria rejeitada por muitos intérpretes
conservadores, pois não querem aceitar a idéia de que
os nomes de Deus, na Biblia, possam ter tido origem
pagã. Seja como for, a forma mais longa, YHWH, é
confirmada desde o século IX A.C., como na pedra
Moabita (vide). De acordo com uma etimologia
popular, essa palavra estaria ligada ao verbo hebraico
ser (ver Êxo. 3:14), pelo que se referiria ao ser eterno
de Deus, que é a fonte originária de todos os seres,
não dependendo de qualquer outro ser para a sua vida
e continuação em existência. Em termos teológicos,
isso aponta para a vida independente e necessária.
Deus não deriva de outrem a sua forma de vida, e a
sua forma de vida não pode deixar de existir. Todas as
demais formas de vida dependem de sua vida, e todas
as outras formas de vida, se excluirmos o fator da
graça divina, são vidas não necessárias. Em outras
palavras, as demais vidas podem deixar de existir.
A verdadeira imortalidade, para a alma humana, ocorre
mediante a transformação segundo a imagem do
Filho, que compartilha da forma de vida do Pai, que é
independente e necessária, conforme já dissemos. Um
grande mistério! Ver Rom. 8:29; Col. 2:10; II Cor.
3:18 e o artigo intitulado
Transformação Segundo a
Imagem de Cristo.
O General Abraham Ramiro Bentes, historiador
brasileiro, de origem judaica, de cultura judaica bem
reconhecida, autor de vários livros, diz o seguinte,
acerca do nome Yahweh: «...tendo o tempo
inacabado, no semítico, o valor do futuro e do
presente, assim traduzimos (o mesmo): «Eu Serei
Sempre Quem Era». Os velhos comentários tinham
uma compreensão neste sentido». (
Das Ruínas de
Jerusalém
à Verdejante Am azônia, Edições Bloch,
pág. 3). De conformidade com esse abalizado parecer,
o nome
Yahweh, pois apontaria para a eternidade e a
imutabilidade da pessoa de Deus.
Objeções dos Eruditos Conservadores. Alguns
eruditos, relutando em admitir qualquer origem pagã
para os nomes divinos na Bíblia, supõem que o trecho
de Êxo..6:3, que diz: «...mas pelo meu nome, O
Senhor (no hebraico,
Yahweh), não lhes fui
conhecido», não subentende que os hebreus não
conhecessem e nem usassem esse nome, até que foi
adotado para ser usado, nos dias de Moisés e, sim,
que os judeus, então, começaram a ter um
conhecimento experimental desse nome, em suas
vidas espirituais. Esse conhecimento experimental
lhes foi dado mediante o livramento da servidão ao
Egito. Antes disso, como pastores na Palestina,
Abraão, Isaque e Jacó conheciam a Deus com o nome
de
El Shaddai, «o Todo Poderoso». Naturalmente,
sabemos que
El (com várias combinações) era um
antigo nome mesopotâmico para Deus, que certamente já era usado antes do tempo de Abraão. Assim, no
caso desse nome, também temos um uso pré-hebreu.
Seja como for, o argumento, na realidade, não faz
sentido. O que importa é a nossa experiência com o
Ser Divino, e não as palavras e suas origens, que
usamos como nomes de Deus.
Usos Comparados dos Nomes Yahweh, Elohlm e
Shaddai.
Yahweh é o mais freqQentemente usado dos
nomes de Deus no Antigo Testamento. O uso que se
faz dos nomes Yahweh e Elohim, deu margem à teoria
das fontes designadas por esses nomes. Ver o artigo
sobre J.E.D.P.(S.), que oferece detalhes sobre essa
questão. Em uma visão em Horebe (Êxo. 3), Moisés
ficou sabendo do nome «Yahweh»; mas, é evidente
que esse nome é anterior a Moisés, juntamente com
suas variações. Pois ocorria em combinações, como
no nõme da mãe de Moisés, Joquebede (Êxo. 6:20). O
trecho de Êxo. 6:2,3 indica que
Yahweh não era um
nome conhecido pelos patriarcas da nação de Israel,
que conheciam como
A donai ou El Shaddai (vide). O
escritor do livro de Jó, que situa seu livro como se
tivesse historiado um episódio dos tempos patriarcais,
usa o nome
Yahweh apenas por uma vez (Jó 12:9), o
que talvez seja um anacronismo, porquanto Jó talvez
reflita um acontecimento ainda anterior a Moisés. O
nome mais comumente usado por Jó é
Shaddai. No
livro de Salmos,
Elohim é usado com mais freqüência
do que
Yahweh.
Origem do Nom e Yahweh.
Já tecemos comentários
sobre esse ponto. Há muitas especulações no tocante à
questão. Alguns têm procurado vincular esse nome a
divindades indo-européias, ou mesmo do Egito e até da
China. Outros vêem esse nome como o apelativo de
uma das muitas deidades semíticas, supondo que o
mesmo foi, finalmente, adotado pelos hebreus.
Faltam-nos informações detalhadas e precisas, pelo
  
que a questão deverá permanecer na semi-obscuridade.
O Eterno. Alguns estudiosos supõem que o melhor
sentido para
Yahweh seja o Eterno. Ver a citação
acima, do general Abraham Bentes, que confirma a
idéia. No tocante aos homens, na obtenção da
verdadeira imortalidade, para que eles venham a
tornar-se verdadeiramente eternos, e não meramente
perenes, a questão é discutida acima, quando se fala
na vida independente e necessária de Cristo, que ele
tem doado aos regenerados. Ser eterno é compartilhar
da forma de vida de Deus. Ser perene é existir para
sempre, dotado apenas de uma imortalidade
dependente. E interessante observar que Platão já fazia esse
tipo de distinção, pelo que ela não tem origem
meramente cristã.
JEOVÀ-JIRÉ Ver Yahweh-Jlré
JEOVÀ-NISSI
Ver Yahweh-Niasl
JEOVÀ-SAMA
Ver Yahweh-Sama.
IEOVÀ-SALOM
Ver Yahweh-Salom.
JEOVÀ-TISIDKENU
Ver Yahwefa-TUidkenu  



JEOVISTA (ELOlSTA)Também são usados os termos javista e yahvista.Está em foco um hipotético autor do Pentateuco (ou
Hexateuco), que teria usado, de forma predominante,
o nome hebraico para Deus,
Yahweh. Isso é
contrastado com o uso predominante de
Elohim, que
teria sido usado por um outro hipotético escritor,
autor dos mesmos livros. O autor que preferia o nome
Elohim é chamado, dentro dessa teoria, de eloísta.Quase todos os eruditos modernos da Bíblia rejeitam
a autoria mosaica dos livros em questão, supondo que
dois ou mesmo vários autores estiveram envolvidos na
produção dos cinco ou seis primeiros livros da Bíblia;
e que as produções literárias deles teriam sido
reunidas por um ou mais editores. Os artigos providos
sobre o Pentateuco e sobre o livro de Josué fornecem
maiores detalhes sobre essas questões. Ver também o
artigo sobre J.E.D.P.(S.), cujo propósito é d de
sumariar o problema da autoria desses livros da
Bíblia.
A história escrita pelo
Jeovista é aceita como mais
antiga que a narrativa do
Eloísta. Alguns datam
aquele primeiro autor em cerca de 950 A.C. Seu alvo
principal foi o de contar os relacionamentos de
Yahweh com Israel, ao tempo da conquista da terra
de Canaã. Os textos énvolvidos enfatizariam a
supremacia de Yahweh, talvez refletindo um henoteísmo (vide), e não um monoteísmo (vide). No livro
de Gênesis, Yahweh é retratado como o criador do
mundo, o Pai de um povo seleto. Esse Deus teria
aparecido aos patriarcas ora como um ser humano,
ora como um ser angelical.
No registro produzido pelo
eloísta, que cobriria o
mesmo período histórico, mas que teria vivido em
cerca de 700 A.C., teríamos um tipo mais moderno de
interpretação histórica. A pesada linguagem antropomórfica é um tanto suavizada através de expressões
teológicas mais elevadas. Elohim seria ouvido, mas
nunca visto. Ele usava os seus profetas, mas ele
mesmo ocultava-se da visão humana, em uma
exaltada majestade da qual os homens não podem
aproximar-se.
O Editor ou Editores. A obra editorial teria
ocorrido no século VII A.C. Aquelas duas fontes
  
(juntamente com outras, sem dúvida), foram reunidas, formando uma unidade. No século IV A.C.,
conforme diz ainda essa teoria, um terceiro autor,
pós-exílico, adicionou os códigos legais. E foi assim
que foi produzido o Hexateuco (os primeiros cinco
livros, de Moisés, e o livro de Josué).
  





INFERNO
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A  leitura desses artigos dará ao leitor uma idéia da
complexidade da doutrina acerca do julgamento
divino, do inferno e da vida após-túmulo.O artigo que
ora começamos, em face da existência daqueles
outros, não precisa estender-se demasiadamente.
Esboço:I. Palavras e Pano de Fundo
II. O Antigo Testamento e o Inferno
  
III. Pontos de Vista Inter testamentais
IV. Ensinamentos do Novo Testamento
V. A Igreja Histórica e o Julgamento
VI. A Esperança Maior; as Grandes Dimensões do
Amor de Deus
I. Palavra« e Pano de FondoA palavra portuguesa inferno vem do termo latinoinfernos, que significa «o que está abaixo», «inferior»,
«subterrâneo». De acordo com as mitologias grega e
latina, o
hades e o infemus referiam-se a alegadas
prisões subterrâneas onde as almas ficariam encerradas, após a morte física. A doutrina do
hades é
complexa. De acordo com o pensamento hebreu e
grego, o hades, originalmente, nào era um lugar onde
habitavam seres conscientes, sofrendo tormentos. As
almas eram concebidas muito mais em termos da
moderna noção dos
fantasmas, entidades destituídas
de mentalidade, que ficariam a flutuar ao léu, mas
sem qualquer identidade ou existência real. Gradualmente, porém, às almas do hades foi sendo atribuída
a qualidade da consciência e, juntamente com isso, as
idéias de recompensas para as almas boas e de castigo
para as almas más. O pensamento posterior dos
hebreus dividia o
sheol (equivalente ao hades dos
gregos) em compartimentos para os bons e para os
maus, além de dar o nome de
paraíso para o
compartimento das almas boas. Uma palavra de
sentido mais profundo era
geena, que se referia a um
lugar de chamas; e foi em ligação com essa palavra
que a idéia de punição eterna tomou-se proverbial. A
geena está vinculada ao vale de Hinom (pois esse é o
significado desse nome, «vale de Hinom»), o moderno
Wady Er-rababi a sudoeste de Jerusalém, e que era
usado como lugar onde, no período do governo de
certos reis, ofereciam-se sacrifícios humanos (incluindo a consumação de crianças no fogo, em honra
ao deus Moloque). Mais tarde, esse lugar foi
transformado em uma espécie de monturo da cidade,
onde chamas eternas consumiam o lixo ali atirado.
Por causa dessa circunstância, finalmente o lugar veio
a tornar-se símbolo do juízo divino, o qual era
concebido como um castigo mediante a ação das
chamas.
A palavra inglesa «hell» (equivalente à palavra
portuguesa «inferno»), vem de uma raiz teutônica que
significa «ocultar», «encobrir», o que, novamente,
reflete a antiga noção de que o inferno era um lugar
de julgamento, localizado subterraneamente. É
possível que a observação de erupções vulcânicas, com
seu poder imenso, tenha levado os homens a
associarem o juízo divino com o interior da terra, que
misteriosamente requeimava. Em II Pedro 2:4
encontramos, no original grego, o vocábulo
tártarus,que algumas versões também traduzem por «inferno»,
embora outras o transliterem por «tártaro». Aquele
versículo diz que Deus enviou anjos maus para um
lugar do submundo espiritual, chamado Tártaro. O
trecho de I Enoque 20:2 também exibe esse termo,
como um equivalente geral de «hades». Dentro da
literatura judaica apocalíptica do período entre o
Antigo e o Novo Testamentos, o
Tártaro referia-se à
porção má do hades, tal como o
Paraíso seria a porção
boa do hades. Ver Enoque 20:2;
Orác. Sib. 2.302;
4.186. Ver também Josefo,
Contra Âpiom 2.240.
Não é provável que a referência de II Ped. 2:4
queira distinguir entre o hades e o tártaro e, sim, que
ali se faz menção à porção má do hades. De acordo
com a mitologia grega, o tártaro era pintado como um
profundo abismo, na porção mais inferior do hades.
Seria a prisão de Cronos, o deus destronado, e dos
titãs. Mais tarde, veio a indicar aquela porção do
hades ou do mundo inferior que servia de lugar de
 
 
tormentos e castigos, em contraposição aos campos
Elísios, o lugar onde os deuses desfrutavam de sua
bem-avehturançae alegria. Os cem filhos armados de
Urano guardariam o tártaro, um lugar de grande
melancolia e desespero.
Pano de Fondo Pagão. Torna-se óbvio, de
imediato, que o conceito original do inferno foi-se
desenvolvendo, e isso com base na mitologia pagã dos
gregos e dos romanos. O Antigo Testamento,
propriamente dito, não desenvolve a doutrina. Mas,
durante o período intertestamental (entre o Antigo e o
Novo Testamentos), tal doutrina foi injetada na
tradição dos hebreus, mediante a literatura, nos livros
apocalípticos e pseudepígrafos. E foi dali que alguns
versículos chegaram até o Novo Testamento (refletindo os escritos pseudepígrafos).
Paralelos a essa doutrina surgiram, sob a forma de
várias
descidas ao hades, por parte de algum deus ou
herói, tendo em vista muitos propósitos, incluindo
missões misericordiosas. Isso explica a noção da
descida ao hades intervindo nos sofrimentos daquele
lugar, o que se tornou um motivo universal, um
arquétipo da consciência humana. Discutimos amplamente a questão, com diversas evidências, no artigo
intitulado
Descida de Cristo ao Hades.O Novo Testamento também incorporou esse
conceito em suas doutrinas (I Ped. 3:18—4:6 e Efé.
4:7
ss). Em conseqüência disso, há a incorporação, no
Novo Testamento, tanto do desespero quanto da
esperança, para o caso dos perdidos, com base em
fontes mais antigas, no tocante à doutrina do
julgamento. O que é incrível é que muitos teólogos,
sobretudo da Igreja ocidental (Igreja Católica
Romana e suas filhas, as igrejas protestantes e
evangélicas — do ponto de vista histórico), têm
preferido ensinar o aspecto do desespero,
deixando de
lado
o aspecto da esperança. Por outro lado, a Igreja
oriental tem ensinado, quase unanimemente, o
aspecto da esperança, provido pela descida de Cristo
ao hades. No meu artigo sobre a
Descida de Cristo ao
H ades
; Perspectiva Histórica e Citações Significativas, demonstro como as Igrejas ocidental e oriental
estão divididas quanto a essa questão.
O que um indivíduo acredita sobre a natureza do
juízo divino depende, em muito, da denominação
cristã em que ele foi criado, porquanto a Igreja cristã
histórica não dispõe de uma doutrina homogênea a
esse respeito, embora sistemas e denominações
particulares defendam os seus pontos de vista como
reflexos exatos do ensino bíblico. O próprio Novo
Testamento evolui quanto a esse ensinamento, pelo
que provê textos de prova para mais de uma posição
acerca dessa doutrina. O que admira é que as pessoas
criadas dentro da tradição ocidental, geralmente,
ignoram totalmente o que dizem largos segmentos
cristãos sobre o assunto do
inferno. Tais pessoas
deixam as almas sofrendo eternamente no inferno,
procurando se convencer de que esse ensino serve à
justiça de Deus. Mas, ao assim fazerem, ignoram
totalmente aquelas porções do Novo Testamento que
fazem brilhar um raio de esperança no próprio hades,
ou seja, antes do julgamento final. Mas, o pior é que
tais pessoas eliminam totalmente, de sua teologia, um
dos aspectos da missão de Cristo. Há três aspectos
nessa misão: o aspecto terrestre, o aspecto da descida
ao hades e o aspecto celestial. É um erro sério ignorar
os aspectos
cósmico e universal da missão de Cristo, a
fim de manter uma doutrina parcial sobre o juízo
divino.
Para melhor entendermos o pano de fundo histórico
da doutrina do
inferno, é mister levar em conta o que
se aprende nos artigos sobre o
Hades, o Sheol e o   Tártaro. A tradução usual do termo hebraico sheol,
na Septuaginta (tradução do Antigo Testamento
hebraico para o grego, completado em cerca de 200
A.C.), é hades. Outros termos neotestamentários que
se referem aos conceitos do inferno e do julgamento
divino são «fogo inextinguível», «trevas exterióres»,
«segunda morte», «lago do fogo» e «ira». Há artigos
separados sobre cada uma dessas expressões e
vocábulos nesta enciclopédia.
D . O Antigo Testamento e o Inferno

Muitas pessoas se surpreendem diante do fato
(quando isso é especificamente frisado), que, em toda
a lei mosaica, embora ali sejam enfatizados princípios
éticos, não há qualquer apelo ao após-vida, boa ou
má, como uma razão para os seres humanos
observarem a lei. O fato é que os hebreus antigos não
dispunham de uma doutrina sobre a vida apóstúmulo. Quando a doutrina do hades (ou sheol) ainda
estava em suas formas mais primitivas, quando
qualquer coisa era dito a respeito das almas, havia
apenas um conceito de algum fantasma que tinha
uma existência amorfa, sem qualquer intelectualidade verdadeira, que vagueava sem nenhum propósito.
Isso encontrava paralelo no pensamento grego do
período histórico mais antigo. Nos Salmos e nos
Profetas é que começamos a perceber a doutrina de
almas inteligentes, que sobrevivem à morte física; e,
finalmente, encontramos ali, igualmente, uma doutrina da ressurreição. Mas, apesar desse desenvolvimento gradual, não há qualquer desenvolvimento, no
Antigo Testamento, de uma doutrina do castigo ou
das recompensas no após-vida, embora haja
referências isoladas que deixam isso implícito. Ver
Dan. 12:2,3, por exemplo. Muito se aprende, em
certos versículos do Antigo Testamento, sobre aquilo
que muitos estudiosos pensam ser uma cristianização
da teologia dos hebreus, e não uma exegese dessa
teologia.
R.H. Charles, em seu livro, A Criticai History o fth e
Doctrine o f a Future Life (1913, págs. 33 ss),
informa-nos de que a partir do século VIII A.C.,
podem ser percebidas duas idéias distintas acerca do
após-vida, na cultura hebréia. Para alguns, o sheol
seria um poder independente de Yahweh, o que
significa que, segundo o conceito deles, haveria uma
espécie de dualismo (vide). Mas outros criam que o
poder de Yahweh abrangia também o sheol, o que
eliminava qualquer forma de dualismo. Isso reflete-se
em trechos como Sal. 139:8 e Amós 9:2. Ver também
Sal. 88:5 e Isa. 38:8. Acresça-se que uma visão muito
estreita do sheol era mantida, apesar do fato de que
também havia a idéia de que o poder de Deus
controlava a situação. A descida das almas ao sheol
parecia ser uma penalidade imposta contra a
iniquidade (Sal. 40:15; Pro. 9:18). No entanto, não
havia qualquer doutrina de uma morte espiritual,
através do pecado, que explicasse tal coisa. Pelo
menos, pode-se dizer que há ali um mínimo de
evidências quanto a essa questão, excetuando a
inferência que pode ser extraída da narrativa sobre a
queda do homem no pecado. No entanto, faz-se
totalmente ausente a doutrina de uma vida após
túmulo. Talvez as palavras hebraicas abaddon,
«destruição» (Jó 31:12; 26:6; 27:22; Sal. 58:11; Pro.
15:11; 27:20) e shachath, «corrupção» (o abisom) (Jó
17:14; Sal. 16:19,49) também fossem empregadas
para referir-se a um lugar de punição, dentro do
sheol, a dimensão dos mortos; porém, nenhuma
passagem onde aparecem essas palavras precisa ser
obrigatoriamente interpretada dessa maneira. Esses
vocábulos podem ter sido um simples paralelo para
sheol, o estado e condição dos mortos, em torno do
que uma doutrina estava em formação. Tal doutrina,
entretanto, só atingiu sua maturação no período
intertestamental. Na literatura judaica posterior,
encontramos um
sheol com duas divisões, uma para
os justos e outra para os ímpios. — Nos livros
pseudepígrafos (ver I Enoque 22:1-14) a questão
aparece muito bem delineada, e outros livros
pseudepígrafos mostram a mesma coisa.
Resultado de imagem para IMAGEM DEMONIOS CAIDOSO que podemos dizer, sumariando, é que o Antigo
Testamento não ensinava sobre um inferno, conforme

o encontramos nas páginas do Novo Testamento, e
que a definição neotestamentária sobre esse lugar de
julgamento está alicerçada sobre os livros pseudepí­
grafos. Isso é, especialmente assim, no que diz
respeito ao inferno como um lugar de chamas eternas
e inextinguíveis.
m . Ponto« de VUta Intertestamental«Já vimos que o trecho de I Enoque 22:1-14 pinta osheol como um lugar de bem-aventurança e de castigos
conscientes, recompensando ou punindo os homens,
de acordo com as vidas que tiverem vivido no corpo
físico. O trecho de II Esdras 7:75 (um livro apócrifo
para os protestantes e deuterocanônico para os
católicos romanos) ensina que imediatamente após a
partida desta vida, as almas perdidas têm de
enfrentar o castigo, por haverem vivido na iniqüidade
e não terem guardado o caminho do Deus Altíssimo.
Na literatura apocalíptica judaica do período intermediário, encontramos uma
geena, descrita como um
lugar de castigos severos. Os rabinos judeus
continuaram discutindo sobre a natureza de tais
coisas; e sabemos que, pelo menos, os fariseus dos
dias de Josefo tinham chegado a crer na punição
eterna para as almas más. Ver
Guerras 2.8,14. A
crença na reencarnação também era uma crença
padrão no judaísmo sincretista, pouco antes e pouco
depois da época de Cristo. Sabemos que essa crença
falava em condições adversas em uma outra vida
terrena, para aqueles que se reencamassem. Não se
pode duvidar de que a visão sobre o
hades, que
achamos em certos trechos do Novo Testamento,
tornara-se a doutrina padrão entre muitos dos rabinos
judeus. A escola do rabino Shammai dividia os
homens em três grupos: 1. os ímpios, que vão
imediatamente após a morte para a geena; 2. os
justos, que vão para o paraíso; 3. um grupo
intermediário de pessoas, que vai para a geena,
sofrendo angústias (elas gemem), mas que sai,
finalmente, dali. Em outras palavras, no caso de
alguns, a geena funcionaria como uma espécie de
purgatório (aos moldes católicos romanos). De fato, a
teologia romanista encontra um texto de prova da
doutrina do purgatório no livro apócrifo de II
Macabeus 12:39
ss (livro esse que eles chamam de
deuterocanônico). Ver o artigo geral sobre o
Purgatório. Ver também sobre o Estado Interm ediá­
rio.
Tanto a Igreja Católica Romana quanto a Igreja
Ortodoxa Oriental tem aceitado o purgatório como
uma realidade, embora reservando-o para os justos
que ainda precisem ser purificados, e não para os
ímpios. No entanto, a doutrina ortodoxa padrão do
julgamento é que esse poderá redundar até mesmo em
salvação para os perdidos (pelo menos esse julgamento seria
um dos meios para fazer a perdição redundar
em salvação — ver I Ped. 4:6).
A escola judaica de Hillel ensinava que os ímpios
são punidos na geena durante o período de um ano,
para, em seguida, serem aniquilados. Vários versículos veterotestamentários, dados na segunda seção
(acima), sobre o
sheol, podem ser interpretados como
se ensinassem um aniquilamento; e isso era,
realmente, a explicação mais comum a respeito, dada
 
 pelo judaísmo antigo. A escola de Hillel ensinava,
entretanto, que algumas pessoas especialmente
malignas poderiam experimentar um período extraordinariamente longo de castigos no sheol, de tal
maneira que a diferença de gravidade do castigo dos
perdidos poderia ser medida pelo tempo em que seria
dado o castigo, antes do aniquilamento.
O lago do fogo (vide), aludido no Novo Testamento
(ver Apo. 19:20; 20:10,14,15; 21:8), é uma idéia
tomada por empréstimo dos livros pseudepígrafos (ver
I Enoque 9:6; 21:7-10). II (Eslavônico) Enoque 10 é
trecho que encerra um quadro similar, isto é, o de um
rio de fogo. O Expositor's Greek Testament diz,
pitorescamente, que «o lago do fogo foi aceso, pela
primeira vez, em Enoque» (referindo-se a I (Etíope)
Enoque). A idéia de um julgamento mediante fogo é
criação dos livros apocalípticos e pseudepígrafos, o
que se evidencia pelo fato de que tal idéia não faz
parte do Antigo Téstamento, embora seja muito
proeminente na literatura do período intertestamentário. Ver I Enoque 21.7-10; 54.1,2; 90.26,27; II
Esdras 7.36; II Baruque 85.13; Oráculos Sibilinos
2.196-200,252,253,286; II Enoque 10.2. Essa idéia
entrou nos escritos dos rabinos. Ver Mekhilta, sobre
èxo. 14:21; e Hagigah 13.v. Daí passou para os livros
apócrifos do Novo Testamento, como, por exemplo, o
Apocalipse de Pedro. E, naturalmente, há versículos,
nos próprios livros canônicos do Novo Testamento,
que preservam essa tradição (ver Mat. 5:22,28,30;
Mar. 9:43,45,47, além das menções específicas ao
«lago do fogo», no livro de Apocalipse).
Pode-se ver que o período entre os dois Testamentos
deu origem a certa variedade de opiniões sobre como,
por quanto tempo e de que maneira, os ímpios serão
punidos. Não é para admirar, pois, que o próprio
Novo Testamento tenha herdado certa variedade de
pontos de vista, incluindo o da intervenção divina no
hades, mediante a descida de Cristo àquele lugar, a
fim de pregar o evangelho aos lesobedientes ali
encerrados (ver I Ped. 3:18 — 4:6). Essa doutrina era
comum na literatura do período intertestamentário.
Mas, os grupos denominacionais e seus sistemas
teológicos têm tolamente suposto que a doutrina
neotestamentária sobre o inferno é homogênea. Mas,
para tanto, precisam aceitar certos versículos e
rejeitar a outros, para que contem com uma doutrina
sobre o julgamento que se coadune com a sua
teologia. Em tudo isso, é incrível que a Igreja
ocidental tenha-se esquecido daqueles versículos
bíblicos que oferecem esperança, concentrando toda a
sua atenção sobre os versículos que só oferecem
desesperança aos perdidos. 
IV. Ensinamento« do Novo Testamento
1. Citações Feitas por lesos
Podemos afirmar, de modo geral, que Jesus herdou
e promoveu o ponto de vista mais severo, dos fariseus,
acerca do inferno. O termo hebraico geena é usado
somente nos evangelhos sinópticos e em Tiago 3:6. E
todas as vezes em que essa palavra é usada nos
evangelhos sinópticos, ela sai dos lábios de Jesus.
Quanto ao leitor que quiser consultar todos os
versículos que contêm esse termo, apresentamos a
lista completa: Mat. 5:22,29,30; 10:28; 18:9; 23:15,
33; Mar. 9:43,45; Luc. 12:5 e Tiago 3:6 (um total de
doze vezes). Nenhum desses versículos assevera que os
ímpios requeimarão eternamente na geena, embora os
versículos do evangelho de Marcos falem sobre a
eternidade das próprias chamas. Contudo, ali o verme
também é eterno. Mas, devemos pensar ali em uma
interpretação figurada, e não literal. Que os ímpios
possam ser atormentados para sempre é uma possível
interpretação dos versículos de Marcos. Todavia, a
passagem de Mat. 10:28, se considerada isoladamente, poderia ensinar a idéia de aniquilamento dos
ímpios, porquanto ali é dito que a alma é
potencialmente
destruída. Também devemos relembrar que a idéia de aniquilamento era uma
interpretação rabínica padrão; e as palavras de Jesus
poderiam refletir a posição de Hillel, — que pensava
que as almas ímpias são primeiramente punidas (por
prazos variados, dependendo do grau de iniqüidade
de cada uma), e depois aniquiladas. O trecho de Mat.
5:29,30 diz que o corpo e a alma serão lançados na
geena; e podemos presumir, embora isso não seja
èspecificamente afirmado, que está em foco o corpo
ressurrecto. Mesmo sem usar a palavra
inferno, o
trecho de Mat. 7:19 refere-se a um julgamento de
fogo, que alguns tomam em sentido literal, e outros
em sentido simbólico. Todavia, é difícil perceber
como chamas literais poderiam afetar almas
im ateriais. Seria como alguém jogar uma pedra no sol. A
passagem de Mateus 8:12 refere-se à «fornalha de
fogo», embora não seja determinado por quanto
tempo os ímpios permanecerão ali, e nem se a
permanência deles ali resultará em aniquilamento ou
em soltura, que também é uma possibilidade, exposta
pela antiga teologia rabínica. E o trecho de Mat. 18:8
traz a expressão «fogo eterno», embora sem definir se
isso envolverá um sofrimento eterno para os
pecadores, ou se essas chamas é que permanecerão
eternamente, e se tal fogo aniquilará ou purificará (o
que também aparece entre as diversas alternativas
rabinicas).
Outras Figuras Simbólicas. O trecho de Mat. 12:13
alude às «trevas exteriores» e a uma angústia que leva
ao choro e ao ranger de dentes; porém, coisa alguma é
dita sobre o tempo em que isso perdurará. A
expressão «trevas exteriores» é usada de novo em Mat.
25:30, juntamente com outras expressões de consternação, no décimo segundo capítulo de Mateus. O fogo
eterno foi preparado para Satanás e seus anjos, mas
os homens também podem ser encerrados no fogo
eterno (Mat. 25:41). O trecho de Mat. 25:46 fala
sobre a punição eterna dos perdidos, em contraste
com a vida eterna, conferida aos justos. Porém, se
levarmos em conta a passagem de Mat. 10:28, essa
punição eterna poderia importar em aniquilamento.
A palavra grega envdlvida é
kólasis, a qual,
originalmente, significava «poda», mas que veio a
significar «castigo», na forma de correção de qualquer
tipo. Sua forma verbal,
koládzo, significa «podar»,
«castigar», «confinar», «corrigir».