ESTUDO INTERESSANTE SOBRE ''DEDO''- (DEDO DE DEUS)
No hebraico, etsba, com pequena variação no
aramaico (esta última forma somente em Dan. 5:5). A
palavra hebraica ocorre por trinta e duas vezes. Para
exemplificar, Êxo. 8:19; Lev. 4:6,17,25,30; 16:14,19;
Núm. 19:4; Sal. 8:3; Pro. 6:13; Can. 5:5; Isa. 2:8;
59:3; Jer. 52:21. No grego, dáktulos, termo que figura
por nove vezes: Mat. 23:4; Mar. 7:33; Luc. 11:20,46;
16:24; João 8:6,8; 20:25,27. Tanto a palavra hebraica
quanto a palavra grega indicam tanto um dedo da
mão quanto um artelho do pé, pois não havia termos
diferentes para esses dois apêndices do corpo. A
palavra grega também indicava a menor medida de
comprimento entre os gregos, a saber, a largura de
um dedo, cerca de 1,78 cm.
I. O Dedo literal
Ver usos literais do dedo no A.T.: o sacerdote que
molhava um dedo no sangue dos sacrifícios (Lev.
4:6,17,25 etc.); quando o azeite era aspergido com o
auxilio dos dedos (Lev. 14:16,27). Os dedos eram
usados em gesticulações, durante os diálogos entre
pessoas (Pro. 6:13). Um dedo podia representar a
mão inteira, como no caso de dedos manchados de
sangue (Isa. 59:3; em português, dedos contaminados
de iniqüidade). Em I Crô. 20:6, há menção a certa
curiosidade genética de um homem com um dedo
extra em cada mão e um artelho extra em cada pé.
Belsazar viu uma mão que escrevia palavras
enigmáticas na caiadura da parede da sala do
banquete (Dan. 5:5). Jesus escreveu alguma coisa na
areia, com o dedo, enquanto certos homens acusavam
a mulher apanhada em adultério (João 8:6). Tomé,
um dos apóstolos de Jesus foi convidado a pôr seu
dedo sobre os ferimentos cicatrizados das mãos de
Jesus, que haviam sido produzidos pelos cravos da
cruz (João 20:25,27).
D. Uaoa Figurado«
1. O dedo de Deus. Essa expressão indica o poder
de Deus e a precisão com que ele é capaz de
empregá-lo. Quando os mágicos egípcios não
puderam continuar duplicando as pragas >de Moisés, reconheceram que naquilo havia o dedo de Deus. Em outras palavras, aquilo era algo que somente Deus era
capaz de fazer, era um ato divino. O incidente provou
a autoridade de Arão e Moisés. Lemos em Deu. 9:10
que os dez mandamentos foram escritos pelo dedo de
Deus. Os céus foram feitos pelos dedos de Deus (Sal.
8:3). Algo tão maravilhoso como isso requereu todos
os seus dedos. O poder que Jesus tinha de expulsar os
espíritos malignos é referido como o dedo de Deus, em
Lucas 11:20. O paralelo de Mateus diz «Espírito»,
sendo provável que uma coisa interprete a outra. Seja
como for, o poder de Deus para fazer algo específico e
de modo eficaz, está em vista.
2. O «dedo que ameaça», em Isaías 58:9, refere-se
ao uso dos dedos, em gesticulação, durante alguma
conversa, talvez dando a entender que alguém
apontava o dedo em direção dos humildes e piedosos.
3. A grossura «de quatro dedos» indica uma medida
(ver Jer. 52:21). Tal medida era tomada com a mão
espalmada, na largura maior dos quatro dedos da
palma da mão, sem o polegar, o que dá uma média de
7,5 cm. Ver o artigo separado sobre Quatro Dedos.
4. Reoboão, filho de Salomão, taxou pesadamente
o povo de Israel e ainda vangloriou-se de que seu dedo
mínimo (com o qual, figuradamente, exercia pressão)
era mais grosso que a cintura de seu pai (I Reis
1 2 : 10 ).
5. Os fariseus costumavam impor pesadas cargas ao
povo, mas não ajudavam a quem quer que fosse, nem
com um dedo, o que aponta para a indiferença para
com as exigências morais e religiosas que eles mesmos
impunham (Mat. 23:4).
6. O dedo faz parte integral da mão, apesar de ser
uma entidade separada. Por causa dessa circunstância, tenho usado a figura do dedo, no tocante à mão,
na tentativa de explicar a relação entre o juízo de
Deus e a mão de Deus. Essas idéias não são
contraditórias, da mesma maneira que um dedo não
contradiz a sua própria mão, e nem faz oposição à
mesma. Consideremos esta frase: «O julgamento
divino é um dedo da mão amorosa de Deus». Isso
significa que o juízo é um instrumento do amor de
Deus. O juízo divino haverá de realizar alguma coisa.
£ mister que esse juízo seja remediai, e não apenas
punitivo, conforme também se aprende em I Pedro
4:6.
7. A doutrina oriental do superego, que supõe que o
superego humano pode encarnar-se em mais de um
lugar ao mesmo tempo, emprega a comparação entre
um dedo e a sua mão. A mão representa o superego, a
entidade espiritual humana verdadeira. Os dedos da
mão representam diversas encarnações alegadas, que
teriam lugar ao mesmo tempo. Porém, há uma
unidade essencial entre todos os dedos e a sua
respectiva mão. Portanto, o superego pode obter
informações da parte de várias vidas ao mesmo
tempo, enquanto preserva a sua unidade essencial, a
despeito do fato de que vários corpos possam ser
usados por ele, ao mesmo tempo.
8. Os estudos clínicos sobre os sonhos têm
demonstrado que qualquer objeto pontudo, incluindo
um dedo, pode representar o pênis.
DEMÔNIO, DEMONOLOGIA
Esboço:
I. O Termo Daimon e Declaração Preliminar
II. Caracterização Geral
III. Idéias de Várias Culturas Sobre os Demônios
IV. A Demonologia no Novo Testamento e na
Interpretação Cristã
II. Caracterização Geral
III. Idéias de Várias Culturas Sobre os Demônios
IV. A Demonologia no Novo Testamento e na
Interpretação Cristã
I. O Termo «Daimon» c Dedaraçio Preliminar
Este termo era empregado no gr. clássico, às vezes,
como um sinônomo de theos (deus). Ver seção III.
Assim o usou Homero (século IX A.C.). Por
outros autores, entretanto, a palavra foi utilizada
para indicar certas divindades subordinadas, que
inocentavam os deuses maiores da prática de muitas
maldades; e é provável que por causa dessa mesma
circunstância é que a palavra finalmente passou a
significar alguma entidade sobrenatural cujo propósito é o de praticar a maldade. Esse termo também tem
sido usado para referir-se às almas dos homens que,
por ocasião da morte, são elevados a determinados
privilégios, e, posteriormente, passou a indicar os
espíritos humanos em geral, partidos deste mundo.
Gradualmente, esse vocábulo foi-se limitando aos
espíritos malignos em geral, exclusivamente, sem
qualquer definição sobre a origem ou natureza desses
espíritos.
Do princípio ao fim as Escrituras comprovam a
realidade do mundo dos espíritos, que tanto podem
ser maus quanto bons. Os espíritos, tanto os bons
quanto os maus, são apresentados como extremamente numerosos (ver Efé. 1:21; 6:12; Col. 1:16 e Mar.
5:9). Os espíritos malignos têm influência sobre os
homens, e procuram ocupar os seus corpos (ver Mar.
5:8 e Mat. 12:43,44). São imundos (o que significa
que tornam o indivíduo incapaz de entrar em contacto
com Deus, com o culto ao Senhor e com a adoração).
Algumas vezes são obstinados, com freqüência são
maldosos e violentos, mas podem ser imitadores do
bem, e supostamente trazem alguma luz. (Ver I Tim.
4:1-3). Sua inspiração não se limita a atos vis, mas
essa perversa influência pode estar vinculada até
mesmo ao ascetismo religioso. Um dos mais severos
julgamentos, nos tempos do fim, consistirá da
liberação de um poder demoníaco extremamente
virulento neste mundo (conforme alguns consideram
que ensina a passagem de Apo. 9:1-11, embora outras
indicações sobre isso também existam nas Escrituras).
Nada de realmente certo se encontra sobre a origem
dos demônios, nas páginas da Bíblia, ainda que
muitos creiam que sejam os anjos caídos que seguiram
a Satanás. (Ver Apo. 12:7-9 com Apo. 12:3,4). Mas
outros estudiosos acreditam (conforme criam muitos
dos antigos) que são espíritos dos mortos que ainda
não entraram em qualquer estado bem determinado
de transição. Outros, ainda, sustentam que os
demônios pertencem a ambas essas ordens de seres.
Muitos psicólogos modernos duvidam que exista
realmente a possessão por meio de espíritos, mas a
experiência universal com tais espíritos desaprova
essas dúvidas. Alguns daqueles que se ocupam de
pesquisas psíquicas, nestes últimos anos, estão
convencidos da realidade do mundo dos espíritos,
tanto bons como maus. Ê uma completa tolice pensar
que simplesmente porque não podemos ver os
espíritos, eles não existem—todavia, alguns sensíveis
(pessoas psiquicamente dotadas) asseveram que
podem ver ocasionalmente aos espíritos, e alguns
deles vêem-nos regularmente. É fato sobejamente
conhecido que os sentidos humanos são extremamente limitados, não percebendo muitas coisas que
sabemos que realmente existem, como, por exemplo,
a força chamada lei da gravidade; e assim, a maior
parte deste mundo totalmente físico continua
imperceptível para os nossos sentidos (e quanto mais
o mundo espiritual)! Assim, pois, afirmar alguém que
algo não existe simplesmente porque os seus sentidos
não são aptos a captá-lo, mostra que esse alguém se
deixa levar por preconceitos. Mas uma coisa que
sabemos bem é que não sabemos praticamente coisa
alguma acerca do universo em que vivemos. Não
obstante, existem muitas evidências inequívocas,
perceptíveis até mesmo para os sentidos humanos,
que confirmam a existência de um mundo dos
espíritos ao nosso redor.
Era ponto teológico comum, entre os judeus (sendo
ensinado nas escolas teológicas judaicas dos fariseus e
de outros), que os demônios, capazes de possuir e de
controlar um corpo vivo, são espíritos de mortos
partidos deste mundo, especialmente aqueles de
caráter vil e de natureza perversa. (Ver Josefo, de
Bello Jud. VII. 6:3). Os gregos, os romanos e outros
povos antigos compartilhavam dessa crença. Alguns
dos pais da Igreja também aceitaram essa idéia, tais
como Justino Mártir (150 D.C.) e Atenágoras.
Tertuliano (150 D.C.) foi o primeiro pai da igreja a
começar a modificar essa idéia, e deu origem à crença
de que os demônios fazem parte exclusivamente de
uma ordem de anjos decaídos. Finalmente, tendo
aparecido o grande comentador Crisóstomo (407
D.C.), obteve aceitação geral a idéia de que os
demônios não são espíritos humanos caídos, e, sim,
pertencem à ordem de anjos caídos juntamente com
Satanás. Essa idéia também prevalece na teologia
moderna, apesar de ainda existirem alguns que se
apegam à idéia mais antiga, como Lange (do
Comentário de Lange),—que acredita que aquilo que
conhecemos pelo titulo de demônio pertence tanto à
ordem de espíritos humanos que daqui partiram e que
se tornaram parte de um nível mais baixo dos
espíritos, como à ordem de seres angelicais caídos.
Lange, portanto, aceita ambos os pontos de vista. As
próprias Escrituras nada nos informam acerca da
origem dos demônios, pelo menos em termos bem
definidos; por isso mesmo, a sua identificação com os
anjos caídos pode representar ou não a verdade. Se
isso representa a verdade, mesmo assim pode não
representar a verdade inteira sobre a questão. Muitos
casos de possessão demoníaca parecem demonstrar
que alguns demônios, pelo menos, são de fato
entidades que antes eram seres humanos comuns.
Pois é possível que por enquanto, pelo menos
parcialmente, estejamos dentro de um intervalo de
tempo, antes do julgamento, e que os espíritos não
foram ainda para o seu destino final; embora também
seja possível que exista alguma forma de comunicação
entre certas dimensões espirituais (que podem até
mesmo ser chamadas de hades) e os homens. Diversos
exemplos bíblicos mostram que a comunicação com
os mortos é algo que ocorre ocasionalmente. Nas
Escrituras somos advertidos contra essa prática, mas
não nos é dito ali que tal comunicação seja impossível.
Existem evidências que parecem indicar que a posição
assumida por Lange, de que os demônios pertencem a
ambas as ordens; tanto espíritos humanos de mortos
como seres pertencentes à ordem de anjos caídos—é a
mais correta, embora nos faltem provas inequívocas
quanto a isso.
Quanto a outros detalhes sobre o termo, ver sob o
terceiro ponto, 1.
Esse vocábulo, usado em sentido tanto positivo
quanto negativo, quase sempre traz até nós o conceito
da possibilidade de um contacto real do homem com
as forças espirituais, imateriais da criação, usualmente invisíveis. Assim, em certo sentido, a demonologia
é uma extensão do conceito teísta, que diz que o
homem não está sozinho no universo, havendo
poderes espirituais invisíveis que precisamos levar em
conta. Essas forças podem influenciar a vida humana
para melhor ou para pior. A vida jamais poderá ser
reduzida à razão e ao empirismo. Também existem
realidades místicas, de natureza positiva e negativa.
D. Caracterizaçio Geral
Puas coisas s&o indiscutíveis sobre esse assunto:
primeira, nem os hebreus e nem os cristãos criaram as
elaboradas demonologias e angelologias que, finalmente, vieram a ser aceitas. Segunda, apesar das
elaborações, exageros e elementos místicos que
entraram no pensamento hebreu e cristão, no tocante
aos demônios, essas noções são corretas quanto à
temível realidade dos demônios e sua capacidade de
influenciar e de apossar-se das pessoas.
Que os espíritos malignos existem e exercem poder
sobre os homens tem sido uma idéia universalmente
aceita. Essa idéia permeia todos os níveis da
sociedade, podendo ser encontrada entre as tribos
mais primitivas e as civilizações mais avançadas. Essa
universalidade fala em favor da veracidade dessas
noções, sem importar os exageros e os elementos
mitológicos criados em torno do assunto. Os
demônios são vistos como seres poderosos, sobre-humanos, pertencentes a vários níveis de seres. Alguns
são tidos como espíritos humanos desencarnados,
negativos, que ainda não chegaram ao seu destino, e
que continuam tentando viver suas vidas nas vidas de
outras pessoas, através de influência ou de possessão.
Outras classes incluem os elementares, que são menos
poderosos do que os espíritos humanos, como se
fossem uma espécie de símios do mundo espiritual.
Porém, até mesmo esses podem ser um incômodo.
Então, se subirmos um pouco mais na escala,
encontraremos os anjos caídos, os quais também
pertencem a diversas categorias. Após o século V
D.C., essa tornou-se a identificação mais comum dos
demônios na teologia cristã, embora outras identifica
ções não tenham sido abandonadas. Os demônios
mais perigosos são aqueles que pertencem a elevadas
ordens de seres espirituais; e a conexão com os anjos
caídos sem dúvida está correta, pelo menos em parte.
Em parte, digo, porque as evidências mostram que na
influência e na possessão demoníaca há fenômenos
que não podem ser explicados mediante nenhuma
resposta simples. Alguns demônios são relativamente
fáceis de serem expelidos, até mesmo por métodos
não-religiosos, como maldições e uma linguagem
obscena, que, por assim dizer, requeimam os ouvidos
dos intrusos, encorajando-os a buscar habitações mais
pacíficas. Porém, outros demônios são praticamente
impossíveis de ser desalojados pelos exorcismos
comuns. Na verdade, há pessoas que receberam o
dom do exorcismo. Isso tem sido amplamente
comprovado na prática. Essas pessoas revestem-se de
uma autoridade espiritual que lhes toma possível
ordenar às forças malignas e serem atendidas por
elas. Nem todo pastor, padre ou oficial eclesiástico
tem essa autoridade, e ritos exorcizadores geralmente
provocam maior atividade demoníaca ainda! Bandeiras e fronteiras denominacionais parecem ter
pouco a ver com essa autoridade de alguns exorcistas.
O exorcismo (que vide) é realizado com sucesso por
todos os grupos cristãos, por religiões não-cristãs e
por pessoas não-religiosas, igualmente. Até mesmo os
psicoterapeutas, em certas ocasiões, parecem ser
capazes de pôr fim a casos reais de possessão
demoníaca. Usualmente, porém, o exorcismo tem
envolvimentos religiosos. Se isso não se dá por outra
razão, é que quando alguém começa a lutar contra as
forças malignas é apenas sensato invocar forças
espirituais positivas, como aquelas que giram em
tomo da religião. Outrossim, a maior parte dos
exorcistas compõe-se de ministros religiosos de
alguma espécie, pelo que são homens dotados de
perspectiva espiritual.
No pensamento hebreu e cristão, tornou-se usual
considerar maus todos os demônios. Esses são os
espíritos que mais chamam a atenção, porquanto s&o
perturbadores. Os cristãos primitivos levavam muito a
sério a existência e o poder dos demônios, conforme é
demonstrado pela freqüente menção a eles, no Novo
Testamento. Males mentais e corporais eram atribuídos às atividades de espíritos invisíveis, o que
ocorre na história da maioria das culturas. Jesus dava
ordens aos maus espíritos, e eles lhe eram obedientes
(Mar. 1:27). Eles reconheciam a autoridade espiritual
dele, e não ousavam fazer-lhe oposição. Os discípulos
de Jesus deram continuação ao seu ministério de
curas, no tocante ao corpo e à mente, e se utilizavam
da autoridade do nome de Jesus quando tratavam
com os espíritos malignos (Atos 16:18; Mar. 9:38;
Luc. 10:17). As culturas com as quais o cristianismo
foi entrando em contacto, à medida que se propagava,
já tinham suas respectivas demonologias, havendo
muitas interferências demoníacas, pelo que nada de
novo foi introduzido nessa área, excetuando o fato de
que há aquele Nome que é capaz de libertar, com o
qual as pessoas das culturas pagãs não estavam
acostumadas.
Entre os judeus era corrente a noção que a idolatria
pagã era influenciada pelos demônios, e que, algumas
vezes, os demônios são o próprio alvo da adoração
idólatra. Paulo compartilhava dessa crença, pois,
apesar de chamar um ídolo de coisa vã, em certas
ocasiões (ver I Cor. 8:4), em outras oportunidades ele
afirmava que os demônios eram objetos da adoração
idólatra do paganismo (I Cor. 10:20). Por volta do
século III D.C. já havia surgido uma espécie de classe
de exorcistas oficiais no cristianismo, usualmente
constituída por ministros, e as pessoas apelavam para
eles, a fim de serem ajudadas contra os demônios.
m . Idéias de Várias Culturas sobre os Demônio«
1. Na Cultura Grega. As antigas lendas gregas
retratam os deuses envolvendo-se com os homens, de
forma comum e fácil. Nos escritos de Homero, um
daimon era considerado uma força divina, uma
espécie de divindade secundária; e, algumas vezes,
essa palavra era usada como sinônimo de théos,
«deus». Talvez a palavra fosse ocasionalmente usada
como personificação de alguma força vaga e
desconhecida, porém temida, embora possamos ter a
certeza de que entidades verdadeiras estavam em
foco. Mas, essa palavra não envolvia uma conotação
negativa, a menos que a força envolvida fosse tida
como negativa. Nos escritos de Hesíodo, o daimon
algumas vezes era concebido como a alma de um
homem da era áurea que conseguira estabelecer a
conexão entre os deuses e os homens, quando então
theoi e daimones eram confundidos como um só tipo
de entidade. Essa palavra também era usada para
aludir ao gênio ou destino do indivíduo, ou então para
referir-se a um poder mal definido que controlava a
vida de uma pessoa, mais ou menos como a palavra
destino é usada em nossos dias. Os fantasmas dos
heróis eram, algumas vezes, identificados com os
daimones, o que significa que o humano era
confundido com o divino. Os conceitos sobre a
divindade eram assim rebaixados a tal ponto que
eram confundidos com conceitos sobre demônios. Ver
o artigo sobre a Deificação, o que ilustra o ponto.
Os gregos criam na existência de espíritos
orientadores, da ordem dos anjos guardiães, pelo que
um daimon (sem importar seu nível) algumas vezes
era concebido como um desses espíritos. O diálogo de
Platão, Apologia, mostra que Sócrates pensava que
era guiado por um daimort; mas não devemos pensar
em qualquer espírito maligno, no seu caso. Alguns
estudiosos supõem que Sócrates foi um médium
psíquico, sem sabê-lo, mas esse ponto é debativel.
Falava-se também sobre o espírito chamado alastor,
que teria especiais poderes de vingança; e os espíritos
humanos desincorporados seriam capazes de afligir
fisicamente às suas vítimas. Os espíritos teriam
poderes de possessão. Heráclito (que vide) procurou
suavizar essa idéia ao observar que o caráter é o
espírito que habita em um homem, e não uma
entidade separada. Platão identificava os demônios
com as almas dos mortos (Cart. 398), supondo que
eles poderiam fazer um trabalho de mediação entre
Deus (ou os deuses) e os homens (Banquete III,
202,203). Os estóicos contavam com uma doutrina
exagerada a respeito dos demônios, misturando-os
com praticamente tudo. Epicuro, por outro lado,
negava a existência dos demônios. Visto que se
acreditava que espíritos de vários tipos podiam
transmitir sorte, doenças, etc., aos homens, desde os
tempos clássicos encontramos a base da demonologia
posterior. Referências em Timeu (partes 41,42,69,71,
75), de Platão, indicam que uma das crenças era que
as almas dos homens, após a morte, podem tomar-se
daimones negativos. Isso quer dizer que a palavra é ali
usada em sentido negativo, o que, afinal, veio a ser o
sentido único no Novo Testamento. Lembremo-nos,
por igual modo, que os theoi da cultura grega
algumas vezes rebaixavam-se praticando atos pró
prios dos demônios. Em conseqüência, o desenvolvimento de uma doutrina da demonologia, usando a
palavra daimon, antes honrada, foi um acontecimento natural.
2. Na Mesopotâmia. Os demônios aparecem muito
ativos na sociedade mesopotâmia, a julgar pela
complexidade da demonologia deles. Os rios Tigre e
Eufrates eram uma ameaça constante ao bem-estar
dos povos daquela região do mundo. Quando aqueles
rios inundavam e destruíam, muitos tinham certeza
de que poderes demoníacos estavam à solta. A
mitologia dos sumérios contém muitas alusões a
deuses bons, anunnaki, e a sete espíritos maus, ou
demônios, os asakki, que habitavam no mundo
inferior e podiam exercer drásticas influências sobre a
vida humana. As enfermidades eram consideradas
invasões desses seres, no corpo humano, através dos
orifícios do corpo. Vários ritos eram usados na
tentativa de expeli-los. Brincos e colares, e outros
encantamentos eram usados para tentar desviar esses
demônios. As atividades dos maus espíritos trariam
toda espécie de infortúnio. Deuses patrocinadores
eram invocados para controlar circunstâncias adversas. Ordens sacerdotais eram treinadas para exorcizar. Também se pensava que os fantasmas de pessoas
mortas podiam fazer aquilo que agora atribuímos aos
demônios, o que reaparece como uma crença
constante em muitas culturas, incluindo a cultura dos
hebreus. Esses fantasmas eram chamados etimmu, e
os sacerdotes tinham encantamentos para proteger as
pessoas dos atos maus.
Os mesopotâmicos davam nomes específicos a
demônios específicos, como os rabisu, os «agachadores», que tinham o costume de ficar à espreita de suas
vitimas, apanhando-as desprevenidas. Os sumérios
salientavam o valor mágico dos nomes, e o exorcismo
com freqüência incluía a idéia de que se fosse possível
obter o nome de um demônio, isso ajudaria na
tentativa de expeli-lo. Essa crença pode ser comparada com Mar. 5:9 e Luc. 8:30. Alguns exorcistas
modernos continuam a prática de primeiro obter o
nome do demônio, antes de começar o exorcismo. Os
babilônios levavam essa questão a extremos, supondo
que os espíritos malignos podem penetrar nas roupas
ou nas estruturas dos edifícios. Os asakki dos
sumérios eram chamados utukku pelos babilônios.
Havia um demônio feminino muito temido, de nome
Lamashtu. A especialidade dela era molestar,
prejudicar e matar crianças. O demônio Namtar
tinha, à sua disposição, sessenta doenças diferentes
com que prejudicar aos homens. Um amigo seu era
Irra especialista no envio de pragas. Lilitu (também
mencionado na literatura hebraica; ver sobre lilith)
era um succuba, isto é, um demônio sensual, que
tentava os homens durante o sono, com sonhos
tipicamente freudianos. A Ardat Lili dos assírios
tinha o mesmo tipo de mentalidade, e ela e seu
companheiro macho não davam descanso às mulheres.
3. No Egito. Os eçípcios acreditavam em muitos
seres demoníacos, cuja finalidade era deixar a vida
humana o mais miserável possível, embora não os
classificassem de maneira elaborada como o faziam os
mesopotâmios. Além disso, os demônios concebidos
pelos egípcios tinham menos trabalho a fazer,
porquanto os desastres naturais, como as tempestades
e as enchentes, eram atribuídos aos próprios deuses,
mais ou menos da ordem dos theoi gregos, que
perturbavam continuamente os homens. No Egito,
os demônios gostavam de infligir enfermidades e
febres noturnas, ou alguma praga ou dor súbita. Os
sacerdotes egípcios dispunham de encantamentos
para proteger as pessoas. Os egípcios tinham
demônios aéreos, ou seja, demônios habitantes da
atmosfera terrestre. Por essa razão é que eles
fumigavam periodicamente seus templos, palácios e
mesmo lares, especialmente por ocasião de algum
funeral, o que servia de ocasião para os demônios se
ativarem de maneira extraordinária. Novamente, em
consonância com a maioria das culturas, os egípcios
pensavam que alguns demônios eram fantasmas ou
espíritos de pessoas que já haviam morrido, mas que
teimavam em ficar gravitando por este mundo a fim
de molestar aqueles que ainda tinham corpos físicos,
como sinal de sua mortalidade. De acordo com muitas
demonologias, os egípcios também enfatizavam a
necessidade de descobrir o nome do demônio, a
influência de dias bons ou maus (com o uso de
horóscopos), a natureza eficaz de pedras preciosas,
encantamentos e ritos, para proteção e livramento.
Porém, para eles as crianças estavam em segurança,
porquanto não haveria demônios especializados em
molestá-las.
4. No Antigo Testamento c nos livros Apócrifos.
Não há uma demonologia plenamente desenvolvida
no Antigo Testamento, o que demonstra o fato de que
esse foi um desenvolvimento gradual na cultura
hebraica, com muitos empréstimos feitos de outras
culturas. Outro tanto sucedeu no campo da
angelologia. Os antigos textos hebraicos não têm uma
palavra separada para indicar «demônio». As
atividades negativas sobrenaturais eram efetuadas
pelo elohim, um nome comum dado ao próprio Deus.
Nisso temos um paralelo com a cultura grega, onde
theos podia ser um deus bom ou um deus mau.
Elohim é empregado para indicar os fenômenos
extraordinários e os poderes proféticos de Balaão
(Núm. 24:2), ou aqueles ligados a Saul (I Sam. 10:11;
19:20-23). As traduções dizem «Deus», mas talvez
«deus» estivesse mais correto. Seja como for, o uso
adjetivado da palavra elohim é definidamente usado
em conexão com um espírito maligno, em II Sam.
16:15,16,23. Porém, até mesmo ali, alguns tradutores
insistem em supor, que está em foco o Deus de Israel.
Em harmonia com o modo egípcio de manusear a
questão, as pragas, as enfermidades e muitas mazelas
humanas são atribuidas a Deus, no Antigo Testamento, e não a espíritos malignos. Ver Exo. 9:3; J6 2:7; II
Sam. 1:9. A cãibra, citada na última dessas
referências, segundo supõem alguns intérpretes,
indicaria um ataque de espirito maligno, mas o ponto
tem sido muito debatido. Conforme tudo isso nos
permite ver, as elaboradas demonologias das culturas
pagãs simplesmente fazem-se ausentes no Antigo
Testamento, embora ali haja alusões a tal crença. O
trecho de Deuteronômio 32:17 é um exemplo disso,
onde a Septuaginta diz daimonia. Essa referência,
porém, poderia ser uma séria aceitação da natureza
demoníaca dos deuses pagãos, ou seja, de certa forma
de demonologia. Outras referências similares existem,
como a de Levítico 17:7, aos «cabeludos», que seria
uma alusão aos sátiros. O sentido dessa palavra é
«bode»; mas, nas referências pagãs há deuses ou
demônios que habitavam em lugares ermos (comparar
com Isa. 13:21; 34:14). A adoração ao bode, com os
ritos depravados paralelos, era comum no Baixo
Egito, e o povo de Israel estava familiarizado com a
mesma, desde antes do êxodo. Nessa adoração estava
envolvido o culto aos sátiros, visto que essa criatura
imaginária é o «cabeludo» (embora nossa versão
portuguesa diga «demônio», em Lev. 17:7). Ver
também II Crônicas 11:15, nessa conexão. Esses
versículos provavelmente estão por detrás da declara
ção paulina de que a idolatria envolve a adoração de
demônios (I Cor. 10:20, que parece ter Deuteronômio
32:17 especialmente em vista). Isaías alude ao
demônio feminino Lilutu, em Isa. 34:14 (onde nossa
versão portuguesa diz «fantasmas»). Esse demônio
feminino viria tentar os homens, durante o sono,
sendo capaz de efetuar atos sexuais com eles. Outras
possíveis referências, no Antigo Testamento, às
atividades demoníacas, como a destruição que assola
ao meio-dia (Sal. 91:6) ou o terror da noite (Sal. 91:5),
ou a sanguessuga (Pro. 30:15), presumíveis aflições
provocadas por espíritos que causam doenças (Deu.
28:22), são um tanto mais dúbias, e, provavelmente,
só envolvem expressões poéticas, sem abordar
qualquer especulação demonológica.
Origem dos Demônios. Ê abundantemente
claro que o Novo Testamento não apresenta
— qualquer informação — sobre esta questão.
Josefo (Guerras, VII. 6.3) pensava que os demônios
eram espíritos dos homens maus, que depois da morte
voltariam a este mundo para — continuar — suas
.vidas ruins. Essa idéia era comum entre os antigos,
incluindo os gregos e hebreus. Também foi a idéia de
alguns dos pais da Igreja, como Justino (c. 150 D.C.)
e Atenágoras. Tertuliano foi o primeiro a mudar a
idéia na Igreja, promovendo o ensino de que os demô
nios são anjos caídos, não almas humanas. Crisóstomo
(407 D.C.) rejeitou o ensino de que os demônios são
espíritos humanos e muitos eruditos o seguem neste
ensino. A evidência indica que alguns demônios são
espíritos humanos desencarnados, mas outros são de
outras ordens de entidades, inclusive da ordem dos
anjos caídos. Estudos sobre possessão mostram,
claramente, que existem muitas formas e forças depossessão. Ê óbvio que diversas ordens de seres são
envolvidas no fenômeno, inclusive espiritos elementares que são sub-humanos, e não sobre-humanos. Há
muitos mistérios.
claro que o Novo Testamento não apresenta
— qualquer informação — sobre esta questão.
Josefo (Guerras, VII. 6.3) pensava que os demônios
eram espíritos dos homens maus, que depois da morte
voltariam a este mundo para — continuar — suas
.vidas ruins. Essa idéia era comum entre os antigos,
incluindo os gregos e hebreus. Também foi a idéia de
alguns dos pais da Igreja, como Justino (c. 150 D.C.)
e Atenágoras. Tertuliano foi o primeiro a mudar a
idéia na Igreja, promovendo o ensino de que os demô
nios são anjos caídos, não almas humanas. Crisóstomo
(407 D.C.) rejeitou o ensino de que os demônios são
espíritos humanos e muitos eruditos o seguem neste
ensino. A evidência indica que alguns demônios são
espíritos humanos desencarnados, mas outros são de
outras ordens de entidades, inclusive da ordem dos
anjos caídos. Estudos sobre possessão mostram,
claramente, que existem muitas formas e forças depossessão. Ê óbvio que diversas ordens de seres são
envolvidas no fenômeno, inclusive espiritos elementares que são sub-humanos, e não sobre-humanos. Há
muitos mistérios.