ANJOS
. A palavra “anjo” significa,
simplesmente, “mensageiro” (heb.
maVãk; gr. angelos), sem referência
alguma a esplendor visual.
Onde um mensageiro de Deus esteja
à vista, podem estar presentes
credenciais da glória e majestade
divinas (Mt 24.31; Lc 2.9; Hb 1.7,
etc.), embora nem sempre seja esse
o caso (cf. Hb 13.2). De modo geral,
o termo “Senhor dos exércitos”
implica a existência de seres angélicos
(cf. o paralelismo de “anjos” e
“hostes” em Sl 148.2), podendo a
expressão “santos” frequentemente
ser lida também desse modo, em
particular, no AT.
Que os anjos são considerados
parte da criação, não há nenhuma
dúvida (Sl 148.2,5; Cl 1.16), mas
as Escrituras atribuem aos seres
angélicos uma posição incomum
de autoridade sobre a ordem criada
e histórica, incluindo responsabilidade
por crianças (Mt 18.10),
proteção ao povo de Deus (Sl 34.7),
envolvimento em questões internacionais
(Dn 10.13; 10.20— 11.10)
e participação nos juízos de Deus
(Ap 15— 16).
No exercício de tal atividade, observa-
se uma hierarquia de poder
entre os anjos, sendo Miguel, por
exemplo, descrito como príncipe e
arcanjo, com autoridade especial
(Dn 10.13,21; 12.1; Jd 9; Ap 12.7).
Além disso, o NT descreve os anjos,
em termos tomados da LXX, como
“potestades” (dynameis), “autoridades”
(exousiai), “principados” (archai)
e “governadores” (archontes).
Schleiermacher e muitos outros
têm colocado a questão da necessidade
dos anjos. Diversas respostas
têm sido oferecidas. A primeira é
que na adoração angélica é dada
expressão concreta em número e
poder absolutos à glória e majestade
de Deus (Is 6.3; Ap 5.11). Não
porque Deus necessite de mais
realce do que já possui, mas para
que o homem, como criatura adoradora
elevada em Cristo aos lugares
celestiais, possa desfrutar de
uma nova participação no louvor
celestial (Ef 1.3,20; Hb 12.22; Ap
5.6-14). A segunda é que os anjos
funcionam como portadores de
força e sustentação para a criatura
humana, sendo eles sem pecado e,
sob certo aspecto, livres das limitações
da constituição humana (Mt
4.11; Mc 1.13; Hb 1.14). A terceira
resposta, mais problemática, é
que, em virtude da distância infinita
entre o Criador e a humanidade
criada, o conhecimento de Deus
deve sempre ser mediado para a
humanidade. O problema evidente
nessa visão é que os anjos também
são criaturas e, de todo modo,
qualquer sugestão de serem intermediários
tem, tradicionalmente,
levado a um desgaste da transcendência
divina. Contudo, os anjos
exercem, na verdade, significativo
papel na mediação da revelação*
(Lc 1.30-33; G1 3.19; Hb 2.2).
Em Judas 6, alguns anjos se rebelam,
e no NT, de modo geral, os
seres malignos, consentaneamente,
recebem títulos próprios dos
anjos (Ef 2.2; 6.12; provavelmente
Cl 2.14). O principal desses espíritos
rebeldes é o Diabo* ou Satanás
(heb. “acusador”), cuja atividade
começa com ações oponentes, consideradas
próprias dele (Zc 3.1; Jd
9; Ap 12.10), mas logo se estende
a atos, mais amplos, de assédio e
tentação (lPe 5.8).
A objeção moderna a uma
doutrina de anjos, embora não
raro proveniente de preconceito
irracional contra qualquer coisa
que represente mistério, surge, na
maioria das vezes, do problema de
se ter de adequar esses seres a um
mundo, ao que tudo indica, explicável
tão somente em termos de
questões sujeitas a exame científico.
Alguns teólogos diriam que os anjos
são suscetíveis a essa espécie de
verificação, mas outros relacionam
o assunto ao mistério, similar, da
providência* divina em geral.
No cristianismo do século II, foram
feitas tentativas de descrever
tanto Cristo como o Espírito Santo
em termos angélicos, prevalecendo,
porém, a imagem transmitida pelo
Novo Testamento de um Cristo
distinto dos anjos e infinitamente
superior a todos os poderes e potestades
(cf. Ef 1.21,22; Cl 1.16;
Hb 1.4,5).
Bibliografia
K. Barth, CD, III. 3; G. B. Caírd,
Principalities and Powers (London,
1956); W. Carr, Angels and Principalities
(London, 1981).
R.K.
APOSTASIA
. É o abandono geral da
religião ou negação da fé por aqueles
que antes a sustentavam. Paulo
profetizou uma séria apostasia antes
do fim dos tempos (2Ts 2.3; ver
também Anticristo*). Outrora, um
crente nominal poderia, certamente,
deixar de se identificar como tal
até mesmo para professar a fé*. Mas
um crente pode realmente convertido
deixar de crer e, por fim, perder-
se? É concordância geral que o
crente pode decair temporariamente
da plenitude da fé, mas, depois,
deve se arrepender. Sustentam os
calvinistas* que o chamamento de
Deus dos eleitos para a fé os impede
de apostatar, citando textos que
asseveram a segurança eterna dos
crentes: um Deus fiel não permitiria
que alguém de seu povo venha a ser
vencido pela incredulidade e acabe
se perdendo. Já outros indicam numerosas
advertências no NT contra
o perigo da apostasia, assim como
referências específicas quanto aos
apóstatas. Afirmam os calvinistas,
porém, que essas advertências são
hipotéticas: sua finalidade é evitar
que as pessoas venham a cometer
apostasia (exatamente como se fossem
um aviso: “Perigo! Mantenhase
afastado do precipício!”, para
evitar que as pessoas caiam em um
despenhadeiro). Aqueles que apostatam
seria porque nunca foram
verdadeiramente convertidos. O debate
exegético continua. Enquanto
as Escrituras advertem ao pecador
deliberado que ele se encontra em
perigo eterno, asseguram ao crente
preocupado que nada pode arrancá-
lo da mão do Senhor.
Tradição
Esse é um termo elástico. Pode se
referir a um conjunto de material
extrabíblico que seja aceito como
apostólico e em igualdade de valor
com as Escrituras ou pode estar
vinculado ã autoridade da igreja e a
seus pronunciamentos históricos,
embora, nesse contexto, o termo
“igreja” venha a ser tão problemático
quanto o próprio termo “tradição”.
Qualquer que seja a conotação,
no entanto, todo empenho em
querer estabelecer a autoridade da
tradição no mesmo nível da Bíblia
reflete alguma incerteza a respeito
da clareza e suficiência das Escrituras
(ver Escrituras e Tradição*).
Desse modo, a tradição busca
suplementar deficiências, lançando
luz sobre material ausente ou
que, se presente, não é bastante
claro. Sua autoridade repousa, assim,
em última instância, em um
material extrabíblico que pode ser
impossível de identificar e muito
menos de sistematizar. A voz oficial
da tradição, quando vista como
autoridade, é mencionada, geralmente,
como o magisterium (em
latim, “oficio do ensino”) da igreja.
No entendimento católico-romano,
trata-se de uma ação exercida por
meio de concílios* de bispos, ou
do papado*, ou, ainda, com menor
precisão, do consenso da igreja. O
protestantismo rejeita a alegação
de um magisterium infalível, considerando
que todo ensino da igreja
e toda tradição estão sujeitos a
confrontação com as Escrituras.
BLASFÊMIA.
Palavra ou ato que
traduz insolência direta para com o
caráter de Deus, ou com a verdade
cristã, ou com as coisas sagradas.
Em sua forma mais simples, a
blasfêmia constitui “um ataque deliberado
e direto à honra de Deus
com a intenção de insultá-lo” (NCE
2, p. 606). Transgressão do terceiro
mandamento da lei (Êx 20.7; Dt
5.11), a blasfêmia nega a Deus sua
suprema majestade e santidade,
sendo assim considerada pelas Escrituras
como abominável pecado.
A maior incidência de blasfêmias
nas Escrituras é a daquelas
contra o próprio Deus (Lv 24.1123;
Is 52.5; Ez 20.27; Ap 13.6;
16.9,11,21). Outras ali registradaS
são as blasfêmias contra Cristo
(At 26.11) e o Espírito Santo (Mt
12.24-32; Mc 3.22-30; Lc 12.10).
A chamada “blasfêmia contra o
Espírito” , mencionada nos textos
referidos, não é um pecado específico,
como, por exemplo, a negação
da divindade do Espírito, mas,
sim, manifesta-se na disposição de
hostilidade deliberada ao poder de
Deus, por meio da terceira pessoa
da Trindade, que visa à contrição e
ao arrependimento do pecador (cf.
lJo 5.16). Podem também sofrer
blasfêmia, como deixa claro o texto
grego: a palavra de Deus (Sl 107-11;
Is 5.24); os anjos (Jd 8, 10); o ensino
cristão (lTm 6.1), e os próprios
cristãos (At 13.45; 18.6; ICo 4.13).
A blasfêmia pode ser cometida
não somente por meio de palavras
caluniosas (Lv 24.11,15,16), mas
também na negação de Cristo
(lTm 1.13), na prática da idolatria
(Ne 9.18,26), na falsa doutrina
(lTm 1.20), na opressão dos santos
(Is 52.5), no insulto ao pobre
(Tg 2.6,7), e em professar a fé sem
praticá-la, ou não professá-la (Rm
2.24; 2Tm 3.2).
CRÍTICA BÍBLICA
. É a aplicação aos
escritos bíblicos de uma variedade
de técnicas, empregadas no exame
de muitos tipos de literatura a fim
de averiguar seu fraseado original,
a natureza de sua composição,
suas fontes, data, autoria e fatores
congêneres.
Crítica textual
A crítica textual é a atividade que
se dedica a restaurar o texto original
de documentos que possam ter
sido expostos a incidentes devido a
sucessivas cópias e recópias. Como,
antes da invenção da imprensa (c.
1450), cada cópia tinha de ser feita
à mão, os lapsos e as alterações dos
copistas tendiam a se multiplicar
cada vez que se repetia o processo.
As cópias podem ser corrigidas
tendo como referência o original
autógrafo, se este ainda subsistir,
mas na maior parte da literatura
antiga, incluindo todos os livros da
Bíblia, o original não mais existe.
O texto original poderá, então, vir
a ser reconstituído, mas somente
mediante cuidadoso estudo das
cópias sobreviventes. Comumente,
mas não invariavelmente, as
cópias mais antigas têm sofrido
menos alterações do que
as mais
recentes. Os hábitos de escrituração
tanto de copistas individuais
como de escolas de copistas devem
ser estudados; os principais tipos
de erros devem ser identificados e
classificados, fazendo-se distinção
entre os causados pela leitura imperfeita
de uma cópia-mestra e os
resultantes de audição imperfeita,
se a cópia tiver sido feita a partir
de ditado.
A crítica bíblica textual opera
não somente nos manuscritos do
AT e NT nas línguas originais, mas
também nas versões mais antigas
em outras línguas (notadamente
siríaco, copta e latim; ver Versões
Bíblicas*) e citações bíblicas em
autores primitivos.
No AT, a base é o texto massorético
da Bíblia hebraica, considerando-
se sua forma final, entre
os séculos VII e XI d.C., mas voltando-
se também mais para trás,
tanto quanto diz respeito ao texto
consonantal de cerca do ano 100.
A partir da descoberta dos manuscritos
de Cunrã (ver Manuscritos
do Mar Morto*), em 1947, e no
decorrer dos anos seguintes, evidências
se tornaram disponíveis
para se poder traçar a história
da Bíblia hebraica, pelo menos,
em um período de mil anos antes
do estabelecimento final do texto
massorético. A principal versão de
ajuda no estudo textual do AT é a
Septuaginta (LXX), tradução grega
dos originais hebraicos feita em
Alexandria nos séculos III e II a.C.
No NT, um número de textospadrão
pode ser discernido, dos
séculos IV e V d.C., mas uma
quantidade razoável de cópias,
principalmente em papiros, tem
vindo cada vez mais à luz, dos
séculos II e III, antedatando esses
textos. O estudo textual do NT está
progredindo intensamente e até
mesmo as mais recentes edições
clássicas críticas são consideradas
estudos temporários.
O estabelecimento de um texto
razoavelmente confiável é uma
condição necessária para um posterior
estudo crítico ou exegético.
A crítica textual já chegou a ser
conhecida como “mais baixa crítica”
porque representava o recurso
mais raso e fácil no edifício do
estudo bíblico.
Baal (heb., ba’al, señor, poseedor, marido). 1. La palabra baal aparece en
el AT con una variedad de significados: señor o dueño (como en <022128>Éxodo
21:28, 34; <071922>Jueces 19:22; <231608>Isaías 16:8) y marido (como en <022103>Éxodo
21:3; <101126>2 Samuel 11:26; <280216>Oseas 2:16). Sin embargo, con mayor
frecuencia la palabra se refiere a la deidad o deidades semíticas llamadas Baal.
Baal se convirtió en el nombre propio para el dios más significativo en el
panteón cananeo o compañía de dioses. Era la deidad que presidía en muchas
localidades.
Baal era adorado en los lugares altos en Moab en el tiempo de Balaam y Balac
(<042241>Números 22:41). En el período de los jueces había altares a Baal en
Palestina (<070213>Jueces 2:13; 6:28-32); y en
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